sexta-feira, 27 de setembro de 2013

EXISTIR



Gosto de desarrumar as ideias,
Não gosto de me acomodar às coisas,
Gosto da noite mais do que do dia,
Do silêncio que se instala fora e dentro de mim
E do caos por onde tantas  vezes passeio...
Gosto de percorrer o espaço que existe entre
mim e o nada,
E o espaço que existe entre o nada e as palavras.
Prendo com as mãos os cabelos, inclino a cabeça
ao encontro da brisa que leve me acaricia,
Deixo entrar o cheiro da noite em mim,
E os olhos fixam-se no infinito manto iluminado,
Sinto-me una com ele.
Existe um diálogo entre nós, uma cumplicidade que
se adivinha quando nos olhamos.
É este fascínio que não encontro no dia,
O dia rouba-me a intimidade... consigo ser
um pouco feliz quando inalo o perfume das flores,
ou vejo crianças a brincarem e a construírem
um mundo melhor. É preciso pureza para o construir.
Então a outra metade de mim sorri.
Não gosto do bulício das cidades, nem das vidas
desfeitas que habitam nelas.
Não gosto das ilusões que o dia traz.
À noite tudo se acalma... até mesmo as pessoas más
adormecem.
Subtraio da noite o que o dia não me dá.
Paz e silêncio é tudo o que preciso para me encontrar,
Para esbater as mágoas, para EXISTIR.


Autora: Isabel Vilaverde
Setembro 2013
(@Todos os Direitos Reservados).

Foto: Autor desconhecido.





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