sábado, 31 de julho de 2010

PENSO-TE


Caminho, pés descalços,
Enterrando os dedos na areia macia,
E, no espelho do mar, sonho a brisa que me acaricia,
Sinto a tua mão na minha pousar...
Lamento o tempo de não ter-te aqui
Invento...
Ausência sentida na ânsia de um beijo te roubar,
Um sorriso, um olhar,
De sentir o cheiro a maresia os nossos corpos inundar,
Ao pensar-te... o coração acorda-me no seu palpitar,
Desejo-te tanto...
E morre o desejo no dia que finda,
Ante a noite e o nascer do luar,
Caminho, pés descalços,
Guardo no fundo da alma o dia de te abraçar.

Written by: Isabel Vilaverde
Agosto 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

RODOPIO DE VIDAS


Rodopio de vidas cravadas de espinhos,
Agrestes, vencidas,
Tu vertes a lágrima perdida, salgada,
Bebida na boca de beijos ausente,
Derramas a espera na luz do poente,
Memórias translúcidas de corpos suados,
Olhares consentidos, desejos rasgados que a noite embalou,
Tão puros, tão crente...
Meu doce aconchego, minha estrela cadente,
Rodopio de vidas agrestes, vencidas,
Eu verto a lágrima ao som do silêncio,
Transpiro a dor que calo no peito,
Adormeço em ti meu sonho desfeito.

Written by: Isabel Vilaverde
Julho 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

VEM


Vem... vento leve
Acariciar os meus cabelos,
Quando a noite sorrateira inquieta a minha dor
E desnuda o meu corpo sem pudor,
Vem... manto de estrelas iluminar os meus olhos,
Deitar-te nos meus sonhos, escutar os meus silêncios,
Vem... esperança vã, acordar os meus sentidos,
Abraçar-me de mansinho,
Até os raios do sol espreitarem a manhã devagarinho,
Vem... amor, atear esta fogueira,
Perder-te no meu mar,
Beijar-me como a lua beija a noite uma vida inteira,
Vem... brisa do mar, envolver-me no teu cheiro a maresia,
Dançar comigo nas ondas de espuma, escutar essa doce melodia,
Vem... areia fina, brincar na minha pele sedosa,
Abandonar-te nas minhas mãos, entrelaçar-me deleitosa,
Vem... escuridão, partilhar beijos arrebatados,
Carícias de amantes enlaçados,
Vem... sonho desperto, morrer ternamente no meu corpo,
Como fino brocado, prender-me nas teias da ilusão,
Cumprir o teu fado!



Written by: Isabel Vilaverde
Julho 2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

VENDEDOR DE SONHOS


Tu, poeta, vendedor de sonhos
Que vendes gemidos de tinta
Em alvas folhas de papel...
Que semeias palavras, em canteiros de solidão
Só para as veres florir de emoções
Devaneio da razão...
Não as deixes morrer nunca, poeta!
Quantas vezes julgas mortos os sonhos
Como terra árida...
Mas logo rasgam entranhas
Trazidos pelo vento que sopra
Das longínquas montanhas...
E as palavras ganham o brilho dos astros!
Florescem em versos fecundos
Como árvores seculares,
Rasgando universos e mundos!
Tu, poeta, vendedor de sonhos
Que vendes gemidos de tinta
Em alvas folhas de papel...
Extasia a minha alma
De estrofes vibrantes e belas,
Faz os meus olhos brilhar,
Cobre-me de beijos, na lua faz-me dançar...
Não me deixes morrer como raiz seca
Arrancada à terra!
Tu, Poeta, vendedor de sonhos
Que vendes gemidos de tinta
Em alvas folhas de papel...
Faz-me rir, faz-me chorar,
Faz-me sentir, deixa-me amar,
Vende-me os teus sonhos...
Faz-me acreditar!

Written by: Isabel Vilaverde
Julho 2010

SE EU PUDESSE VOLTAR...(Dedicado à Austrália)


Momentos tenho em que me ausento de mim,
Para reencontrar caminhos, sentir cheiros,
Deslumbrar-me com paisagens,
Revisitar lugares distantes do meu
Onde sonhei, vivi e amei,
Onde as falas e risos eram francos,
E a palavra amizade aquecia o coração.
Viajo até onde a memória me leva,
Volto, de novo, a esse lugar...
A dor da tua ausência caminha, lado a lado,
Com a minha solidão.
Se eu pudesse, corria a ver essas praias de mar revolto e de areias finas,
Corria a ver essas gentes de pele bronzeada,
De cabelos frisados e de sorrisos alvos,
De olhares esperança,
Corria a ver outras gentes,
De vestes e credos tão diferentes,
Se eu pudesse pegar nos pedaços de madeira
Finamente trabalhados,
Cobertos de linhas, círculos, pontilhados,
Tingidos da cor da terra, do escuro da noite,
Da alva espuma das ondas,
Se eu pudesse olhar de novo o teu pôr-do-sol,
Morrendo num rubro poente,
Detrás desse rochedo imponente,
Tenho saudades de beber o chá de hortelã
No meu aconchego preferido,
Servido entre sorrisos e simpatia,
Escolher a música romântica na Juke Box
E perder-me de conversas, como sempre fazia,
Tenho saudades de ouvir, sentada nas horas mortas do dia,
Debaixo do alpendre, o canto das aves ao recolherem,
Se eu pudesse novamente regressar ao encontro dos teus braços abertos,
Ah, se eu pudesse voltar!

Written by: Isabel Vilaverde
Julho 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

BARRAGEM DE CASTELO DO BODE

DESPEDIDA



Esta vida mal vivida entre a saudade e a incerteza,
Traz-me triste e amargurada,
Sinto o vazio, o nada...
E nada tenho para te dar,
Apenas um deserto imenso onde luto para me encontrar,
Onde penso... penso... penso, quão efémero é o meu ser...
Quantos sonhos ficarão por cumprir, quantas palavras por dizer...
Nesta vida mal vivida de não ser,
O tempo... que o tempo consumiu,
Tão depressa, tão volátil,
Sem dó nem piedade o meu sorriso extinguiu,
Partiu com ele o amor, a dor, tudo o que era meu,
E numa noite fria, magoado o coração, nunca mais bateu.

Autora: Isabel Vilaverde
15 de Setembro de 2009


Imagem: Google.



A PROPÓSITO DE UM LIVRO



Os livros não precisam de ser densos ou de linguagem rebuscada. As palavras, simples, explicam, genuinamente, a complexidade dos seres humanos. Mas, mais do que as palavras, são os sentimentos de que estas se vestem que exaltam as emoções, nos denunciam e nos aproximam uns dos outros. Um olhar, uma recordação que emerge da nossa memória, um desejo que o silêncio abraça e o gesto traduz, a vivência que cada um carrega, faz de nós seres únicos. Todos precisamos de um "deserto" para nos encontrarmos e valorizarmos. E é, nesse deserto, que nos libertamos longe de tudo, dentro do nada, do absoluto.

Obrigada, Miguel Sousa Tavares, por mais um belo livro " NO TEU DESERTO ".

18 de Setembro 2009

PORQUE NUNCA ME AMASTE?


      Porque nunca me amaste? Esta seria a pergunta que, se tivesse coragem, te faria. Passaram muitos anos, vinte e nove anos de uma vida, a minha, sem nunca saber sequer o que é sentir um beijo teu. Ano após ano, sem olhar o teu rosto, sentir o teu cheiro, esconder-me nos teus braços, sentar-me no teu colo ou simplesmente brincar contigo.

      Não sei como são os teus olhos, a cor dos teus cabelos, o teu sorriso. Não sei como és... Dizem que sou parecido contigo, não sei. Todos os anos há Natal e aniversários. Todos os anos há o "Dia do Pai". Todos os anos, até agora, nunca houve nenhum desses dias para mim, ao teu lado. Sei que vives perto, mas sempre longe... Sei que nunca me quiseste. Sei que me rejeitaste ao nascer ou melhor, que me abandonaste à minha sorte mesmo antes de eu nascer! Porquê? É tão difícil assim amar uma criança? Não sei se alguma vez te perguntaste porque o fizeste. Se foste capaz. Sei, apenas, que nos perdemos um do outro neste espaço, neste tempo que poderia ter sido de amor, de cumplicidade e de partilha, entre pai e filho. Decerto, sentir-me-ia mais feliz. Aliás, devo confessar-te que não sou feliz, não sei o que é ser feliz e penso que  não o sejas também, és? Vivermos a vida pela metade, só pode trazer dor e sofrimento. Hoje, a minha realidade é um cúmulo de dúvidas, de incertezas, de medos e desconfianças, porque nunca pude,  uma única vez dizer, a olhar para ti:  "Feliz Natal", "Parabéns pelo teu Aniversário" ou "Feliz Dia do Pai, amo-te". Comprometeste o teu e o meu futuro. A tua e a minha vida ficaram mais pobres. O meu sofrimento é permanente. Não sei se sabes o que é sofrer. Talvez, nesta indecisão que me tem acompanhado, a par com esta angústia, ganhe um dia coragem para, em vez de te escrever, ir ao teu encontro. Nada é permanente e imutável. Todos somos o que conseguimos construir ao longo da vida. Não devemos ter vergonha de cair. Todos erramos. Todos nos sentimos, em muitas alturas da vida, inseguros e frágeis. O mais importante é a coragem com que nos levantamos e olhamos o caminho à nossa frente. Tenho momentos que não sei se tenho forças para me levantar. Digo-te com toda a franqueza e reforço, afinal não me conheces. E, se nos cruzarmos na rua, não sabes quem eu sou. Mas devo dizer-te que eu sei. Sei onde moras, sei o café que frequentas, sei o carro que conduzes, sei como te vestes. Tudo faz parte da tua imagem exterior, não é? Aparentas, para os outros, ser um sujeito simpático. Mas, por dentro, não te conheço.
Não penses que ao escrever-te, estou a desculpar-te ou a perdoar-te. Não sei sequer o que sinto por ti... Vivo num abismo de incertezas e de perguntas por fazer. E se fosse ao teu encontro, como poderia saber a cor dos meus sentimentos? Entre nós corre um rio vazio de abraços... e de palavras.
Não consigo traduzir, nestas linhas, tudo o que me incomoda e dilacera por dentro. Provavelmente também não o conseguiria expressar, olhando para ti. A palavra, "Pai", existe apenas no meu imaginário, não a sinto. Nunca a digo. Nunca a disse. Devo dizer-te que gostaria de a ter dito, sempre, de lhe conhecer o significado.
      Talvez um dia decida ir ao teu encontro, sim. Talvez, nesse dia, encontre o teu lugar vazio. Não poderei, se assim for, olhar-te nos olhos e perguntar-te: porque me abandonaste? Também não poderás ver o meu olhar carregado de raiva e mágoa ou, frio e distante ou... não sei!
Se encontrar o teu lugar vazio... O que poderei esperar mais? Afinal as nossas vidas não têm sido sempre um desencontro?


Written by: Isabel Vilaverde
12 de Setembro 2009
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3 Comments
Luiz Says:
A descrição de abandono fere os olhos o coração, não faço perguntas porque essas nem tu as tens. Simplesmente pergunto a mim mesmo, como é possivel acontecer deixar para trás parte do nosso corpo sem ter remorsos?
Um texto cheio de lágrimas…um dia irás dizer-lhe “Feliz Natal”

July 7th, 2010

blood pressure Says:
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July 8th, 2010

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Isabel Vilaverde

July 9th, 2010
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

ESTAREI LOUCA?


Estarei louca?
Estarei louca tanto ou mais
Do que vós estais...
Não sois diferentes de mim, somos todos iguais!
Nos sonhos e nos desejos, e em tudo o mais.
Somos os loucos à procura de ser felizes,
Nesta vida de mosaicos e matizes,
Mas, quantas vezes o esqueceis?
Umas vezes bobos somos, outras Reis...
E a verdade, procurá-la-eis sempre, dentro de vós!
Mas nem sempre a encontrareis,
Pensai, antes que seja tarde...
E do mar se levante a tempestade.
Estarei louca?
Assim vós estais, para viver a vida
E amar cada vez mais!

Written by: Isabel Vilaverde
Julho de 2010

VIVER SEM TI


Tu envelheces, eu envelheço...
As memórias percorrem todas as veias do meu corpo,
Os risos que trocámos, os beijos que saboreámos
Desejam-te de novo,
E as mãos entrelaçadas, conduzem-me neste espaço vazio,
Sempre que estou triste, a força dos teus abraços conforta-me,
Quando te ouço, as tuas palavras libertam-me,
Tu envelheces, eu envelheço...
É difícil viver sem ti...

Written by: Isabel Vilaverde
1 de Julho de 2010
 
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