quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CÉU... VERDE... MAR... SETÚBAL AO ENTARDECER


BELEZA PURA...CASCAIS


PEDAÇO DE CÉU


Sonho leve que meu ser embalas,
Como o sono tranquilo de uma criança,
Momento de paz e de esperança,
Vida minha que floresce,
Vontade de querer que em mim cresce,
Feita de amor, de alma pura,
De beijos, de abraços e ternura,
Caminhos percorridos num só,
Deus, Luz Divina,
Que nossos seres iluminas,
E nossas dores sublimas,
Amor, pedaço de céu,
Que meu coração inundas,
Destinos, que na força das palavras
se encontram, cruzando olhares eternos,
Sorrisos rasgados, perpétuos, perdidos,
Instantes plenos, vibrantes, vividos,
Noites longas e quentes,
Manto de estrelas, de suspiros ardentes,
Corpos colados, rasgando o luar,
Bocas sedentas do verbo amar,
Fogueira ateada com gestos de amor,
Tempo que passa, de desejos feito,
Mar de te querer,
Para sempre te guardar, dentro do meu peito.

Written by: Isabel Vilaverde
Janeiro de 2010

domingo, 17 de janeiro de 2010

SINFONIA DE AMOR


Naquele fim-de-tarde, o mar estava sereno e a brisa soprava suave e fresca. Parámos, junto ao pontão, fixámos o olhar até onde os nossos olhos se perdiam. Ficámos, ali, suspensos do tempo, inebriados... O meu coração batia descompassado, sentia as mãos húmidas e os pés frios. Os pensamentos desalinhados, tomavam conta de mim, num crescendo de ansiedade. Algo de extraordinário acontecia, eram momentos mágicos, fogueira de sensações ardida a fogo lento, palavras por dizer, guardadas num coração feito amor. Dentro de mim, uma voz dizia: Não digas nada, sente apenas, sente e vive esta paz, esta harmonia... não deixes fugir este instante, guarda-o bem dentro de ti. Dá-me a tua mão... não tenhas medo. De repente, percebi que a voz era a tua. Os teus olhos tinham um brilho especial, e continuaste: Deixa-me sentir-te junto do meu peito, quero beijar a tua mão pequena e perfumada... olhar-te, saciar esta sede de amar-te. Há quanto tempo te inventei, te desenhei nos meus pensamentos, nas longas noites de insónia. Há quanto tempo, e agora, estás aqui, és real. Quero sentir-te, beber os beijos que guardas nessa boca carmim. Quero-os todos só para mim.
Os teus braços, abraçaram o meu corpo trémulo e, docemente, os teus lábios cobriram os meus, num longo e delicado beijo, o primeiro.
     De olhos fechados e corpos colados, assim ficámos, deslumbrados e felizes. Dizias baixinho palavras carinhosas e eu, escutava-te com o olhar brilhante, apaixonado.
O instante é nosso, a eternidade também. Que mais importa, há tanto para viver, para descobrir calado em nós... não temas entregar-te, quero perder-me em ti, atear esta fogueira de prazer. Vem amor, posso chamar-te assim, quero chamar-te assim, é como sinto. Há quanto tempo não ouvia esta palavra, "amor". Queria ouvi-la e dizê-la somente quando fizesse sentido. E agora fazia. Havia tempo que te esperava. Uma torrente de emoções indescritíveis percorreram-me o corpo, extasiaram-me a mente. Tanto que te queria dizer... Que um dia te tinha imaginado, desenhado os teus traços numa tela de sonhos por viver.
Dentro de nós, pulsava uma força de amar enorme. Sentimos, tu e eu, que não a queríamos deixar perder. Entrelaçámos os dedos, unimos, de novo, as bocas, num longo e apaixonado beijo. Depois disseste-me: a partir de hoje, quero ser o sonho bom que vagueia em ti enquanto dormes, quero que sintas o aconchego dos meus braços, que brinques como uma criança, que ames com a sensualidade de uma mulher, que rias, que sejas tu, sem inibições ou medos. Farei tudo para ver-te feliz.
Devolveste-me o sorriso, roubado pelos dias de solidão e eu dar-te-ei o mundo, amor, se for preciso.


Written by: Isabel Vilaverde




segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MINHA QUERIDA KIKA

EM TUA HOMENAGEM
COM MUITA SAUDADE
(Faleceu: 2 de Julho de 2009)

NOITE DE CETIM


Descalça caminho pelo areal,
Sentindo a cada passo
Os finos grãos de areia
Esculpindo meus pés...
As ondas de espuma alva,
Tão cedo ali vêm morrer,
Na areia dourada e fria,
Naquela praia vazia,
Para de novo renascerem.
Liberto o cansaço que trago,
Relembrando memórias de infância,
De um tempo de ser criança
Inocente e feliz,
Presa de silêncios,
Contemplo a beleza infinita
Do mar profundo e revolto.
Penso a dor sentida,
Pelos que partiram
E nunca mais voltaram...
Quantos sorrisos se perderam,
Quantos abraços se desencontraram...
Nesse lugar imenso e vazio,
O dia sucumbe à beleza das estrelas,
A noite oferece-se feita cetim
Ao claro luar,
O meu corpo sereno imune ao frio,
Tão cheio de paz deixa-se ficar.

Written by: Isabel Vilaverde
Janeiro 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

TEMPO


Tempo, que meu fogo abranda
E minha dor consome,
Tempo, que a ausência traz
E meu querer desfaz,
Tempo, que corre lento
No passar dos dias,
Tempo, rio de amor desencontrado,
Vulcão intenso em meu peito guardado,
Tempo, vento norte que me gela e empurra,
Tempo, que me silencia
E brinca com a minha loucura,
Tempo, mar de emoções
Que meu ser abraça,
Como o Sol a Terra Mãe,
Tempo, que leva as palavras
Soltas do meu coração,
Tempo, que nas minhas mãos tece
Gestos de solidão,
Tempo, que em meus lábios pousa
Beijos ausentes e demorados,
Tempo, que meu poema de amor escreve,
E em meu corpo entrega,
Alma plena, sonho breve.

Written by: Isabel Vilaverde
Janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

MENINO DE OLHAR TRISTE( uma história verídica)


Lembra-se bem do seu olhar triste. Olhos grandes, de um negro profundo, sobressaiam num pequeno rosto, de tez muito morena, marcado pela magreza. Os cabelos pretos, aos caracóis, emolduravam-lhe a cara de criança que deveria ter cerca de 4 anos.
O corpo franzino, vestido apenas com uns calções desbotados, esburacados e sujos, pousava sentado num degrau, junto a uma porta fechada. Era uma tarde de fim de Agosto, um pouco ventosa. Aquela criança, ali sozinha, descalça, seminua, a quem pertenceria? Os pais, onde estariam?
Como era possível, numa rua da baixa da cidade, tão movimentada, ninguém reparar nela? Os olhares indiferentes dos transeuntes, envoltos nos seus próprios pensamentos e problemas, não deixavam observar, por um momento sequer, aquele menino.
A certa altura, uma jovem parou a observar esse menino franzino, de olhar triste. Depois, quis saber mais... acercou-se dele devagar e, com voz calma e doce, disse-lhe:
- Não tenhas medo, vou sentar-me ao teu lado um bocadinho, posso?
O menino, envergonhado, olhou ainda mais para o chão, escondeu as mãos no meio das pernas e apertou-as uma contra a outra.
- Como te chamas? Queres dizer-me o teu nome? O que fazes aqui? Os teus pais onde estão?
O menino não respondeu a nenhuma pergunta. Intrigada, a jovem continuou a tentar conversar até que lhe perguntou se tinha fome. Ele, finalmente, acenou timidamente com a cabeça que sim.
A jovem, cheia de esperança, levantou-se, pegou-lhe na mãozinha frágil e levou-o para sua casa.
Contou aos pais onde o encontrara. Estes, habituados que estavam às demonstrações de generosidade constantes da filha, não estranharam. A jovem, de 11 anos, pediu à mãe que fosse comprar alguma roupa para o menino. Depois, deu-lhe banho, deu-lhe de comer, tratou-o como se fosse o irmão mais novo que não tinha.
Os pais, explicaram-lhe que tinham que ir à Polícia relatar o caso e entregar o menino. Já na Polícia, apurou-se mais tarde que a criança tinha sido abandonada. Com profunda tristeza e não compreendendo porque é que não podia ficar com aquele menino de olhar triste, a jovem chorou, chorou muito.
O menino foi para uma Instituição. Meses mais tarde, as vicissitudes da vida fizeram com que a jovem viajasse com os pais para Moçambique. Perderam-se um do outro. Anos mais tarde, regressaram a Portugal. A jovem quis ir à sua procura. Nunca esquecera aquele menino. Sabia apenas que ele se chamava José. Mas, entre tantos meninos com o mesmo nome,José, era muito vago, não conseguiu encontrá-lo.
Daquele dia, guardava a memória de um olhar triste, de uns olhos grandes, de um negro profundo que sobressaiam num rosto pequeno, marcado pela magreza. Até hoje, não esqueceu o
seu corpo franzino, seminu, sem culpa, à espera de um abraço, de um beijo, de um colo... à espera
de amor! Essa jovem, hoje mulher e mãe, era eu.









Written by: Isabel Vilaverde
 
Licença Creative Commons
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 2.5 Portugal License.