sábado, 23 de abril de 2011

MÃE



Mãe...
Toco o teu rosto sereno,
Guardo-o em minhas mãos docemente
E uma luz viva, resplandecente, veste o meu corpo.
Os teus olhos cheios de amor, gastos pelas agruras do tempo,
Brilham nos meus feitos mar,
Escondo-te o sofrimento.
Mãe...
Lembro-me de quando me deitava no teu regaço,
E o teu carinhoso abraço me afastava o medo da trovoada.
Mais tarde vieram as desilusões... o cansaço.
Mãe querida...
Percorremos juntas, até hoje, os caminhos da vida,
Rejubilámos alegrias, apoiámo-nos na dor,
Vencemos lutas e lágrimas sempre unidas,
Esquecemos batalhas que não ganhámos,
Viajámos... Aprendemos a amar outras gentes, outros lugares distantes,
Tantos momentos que partilhámos juntas, tantos!
Lado a lado, carregando o nosso fado.
Mãe...
Foste luta, vida agreste, só hoje compreendo o quanto me deste,
Só hoje sinto o quanto me amaste.
Mãe...
Não penses que tudo termina aqui...
Quando passares a fronteira da vida e o teu tempo tiver chegado ao fim,
No meu coração serás sempre semente germinada,
Nunca, nunca morrerás em mim!
E esse sorriso lindo que tens será todas as manhãs o meu acordar,
As tuas rugas, a força para eu continuar.
Quando, nesse dia, aos meus olhos afluir um mar revolto, zangado,
O teu rosto rocha se fizer e eu não puder beijá-lo mais...
Afagá-lo nas minhas mãos como hoje,
Mãe...
Em tua memória plantarei um canteiro de rosas como tanto gostas,
E todos os dias, todos, prometo-te,
Cuidarei dele com ternura e desvelo,
Com o mesmo carinho com que cuidaste de mim,
Beijarei cada rosa, com amor, como agora te beijo querida mãe,
Porque te amo.


Autora: Isabel Vilaverde
Abril 2011



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