segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

DESPEDIDA

Vida ingrata, vazia,
Saudade, incerteza,
Desejo, utopia,
Fogo lento, sonho vão,
Fogueira ardida, solidão,
Poema de amor,
Escrito na dor,
Ausência de ti,
Paixão ardente,
Caminho traçado,
De lágrimas feito,
Beijo sentido,
Frágil o ser, belo, perdido,
Palavras por dizer,
Vida passageira,
Que a morte roubou,
Numa noite fria,
Meus olhos fechou.

Written by: Isabel Vilaverde
Setembro 2002

GOSTO



Gosto do barulho da chuva a bater na janela,
Gosto de estar deitada numa cama quente e macia
Quando o frio lá fora entorpece as mãos,
Gosto de ouvir o canto dos pássaros
Pousados nas árvores ao cair da tarde,
Gosto de olhar o Sol a esconder-se
Por detrás dos montes e do escuro
Que vai cobrindo a terra,
Gosto de ver uma seara ondulada ao vento,
Um campo de papoilas e crianças felizes,
Gosto de brincar e rir como uma criança,
De amar como uma mulher,
Gosto de acreditar, quero acreditar, que um dia
O Homem será mais justo
Que o sofrimento será transformado em amor,
Gosto de livros, de lhes sentir o cheiro, de lhes beber as palavras,
De escrever o que penso e de dizer o que sinto,
Gosto das pessoas e gosto que gostem de mim,
Sempre que erro, aprendo um novo caminho,
Gosto dos velhos, de ouvi-los desfiar memórias,
Das suas mãos calejadas e do seu olhar miudinho,
Gosto das crianças, da sua pureza, da sua gargalhada,
Gosto dos animais, da sua lealdade e entrega,
Gosto da paz, da harmonia e do sossego,
Gosto de acalentar o sonho que um dia vou ser feliz...
Gosto do canto das gaivotas e de caminhar, descalça, na praia vazia,
Acredito que o fim é necessário para haver um recomeço,
Gosto de beijar quem gosto, de mimar e surpreender,
Gosto de conversar longamente,
Da intimidade e de olhares cúmplices,
Gosto de mãos dadas e de abraçar quem é parte de mim,
Gosto de escutar o silêncio e o romper da madrugada,
Gosto de olhar a cidade à noite, do silêncio dos prédios,
De imaginar o que existe para além das luzes,
Gosto das estrelas e do infinito e de sentir a brisa no rosto,
Gosto de ter junto de mim todos os que amo, de congregar vontades,
De partilhar e de ver sorrir,
Gosto de jantares intimistas, velas acesas e flores na mesa,
Gosto de dedos entrelaçados entre beijos e sorrisos,
Gosto de amar as pequenas coisas porque me fazem feliz,
De dizer palavras de conforto quando alguém está triste,
Gosto do entardecer, de me deitar no sofá
De adormecer a ouvir música calma,
Gosto de olhares brilhantes e de risos claros,
Gosto do perfume das flores, da Primavera e das andorinhas,
Das cores do arco-íris e do começo do Outono,
Das árvores seminuas, do colorido das folhas atapetando os caminhos,
Do cheiro a castanhas assadas, de deambular pelas ruas,
Gosto de amar as pessoas e todas as coisas
Porque todas as coisas são a vida,
Gosto dos meus filhos, amo-os, eles são a maior das razões
Da minha razão de viver!

Written by: Isabel Vilaverde
Setembro de 2009











Imagem: Google.






terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FOLHAS DE OUTONO



Olhei por detrás da janela
A rua ausente de chuva,
As folhas amarelecidas,
Caídas das árvores,
Jaziam inertes em pequenos montes
Sobre as pedras da calçada.
Outras dançavam nos braços
De um vento gélido...
Segui-lhes os movimentos rodopiantes,
Pousavam em lugares imprecisos,
Cobrindo os caminhos desertos de gente,
Tão belas e frágeis como a vida,
Tão puras como as lágrimas
Que solto ao olhá-las.


Autora: Isabel Vilaverde
22 Dezembro 2009
(@ Todos os Direitos Reservados).

Imagem: Google.

sábado, 19 de dezembro de 2009

SOU



Aqui, neste lugar de ninguém,
Onde o silêncio me abraça
E o céu me detém,
Sou o azul de um mar sem fim,
Sou o pássaro que alto esvoaça
De asas abertas ao vento,
Sou o sorriso triste que guardo
De um amor por cumprir,
Sou a lágrima salgada,
Desta vida amordaçada,
Sou o porto dos sentidos,
Sou o que resta de mim.

Autora: Isabel Vilaverde.
19 de Dezembro de 2009
(@Todos os Direitos Reservados).


Inagem: Google


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ALMA HIPOTECADA


Sou a revolta contida
Neste grito que não solto,
Sou a lágrima que sulca
A ausência do teu abraço,
Sou o muro que me limita,
Sou a muralha do medo
Erguida em segredo,
Sou a alma hipotecada
Mas não rendida,
Sou o espelho de mágoa
No olhar reflectido,
Sou o presente roubado,
Sou o coração que chora,
O silêncio que demora,
Sou a dor que me consome,
Sou a nuvem que me leva
Ao abismo do desespero,
Tudo em mim flameja,
Insanável, intrépido,
Sou a voz que não se cala,
Que ainda te espera,
Mas que o tempo vai calando,
Em gemido transformando,
Até um dia partir à procura de outro amanhecer.


Imagem: Google.
Written by: Isabel Vilaverde
16 de Dezembro 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

AS TUAS MÃOS

Olhaste-me e com os olhos
Pediste-me as mãos,
Escondeste-las carinhosamente nas tuas.
As tuas mãos eram quentes e macias,
Ouvi as histórias que contavam
Em cada movimento que soltavam,
Outras histórias teriam para contar...
Despedimos-nos naquele fim-de-tarde,
Ficámos suspensos dos pensamentos,
Reféns dos carinhos, numa fogueira de desejo por atear
Até logo, até breve, dissemos com um beijo,
Guardando em nós a vontade de nos voltarmos a olhar.


Written by: Isabel Vilaverde

A CHUVA CAI MIUDINHA


O dia nasceu cinzento,
A chuva espreitou devagar,
Hoje não sinto a solidão das horas
Que me traz triste aos Domingos.
Desenho um sorriso tímido ao olhar-te,
Tecemos palavras, soltamos a esperança
no tempo que passa.
A chuva cai miudinha,
Como a música suave que ouvimos
Tu e eu, sem pressa.
Sentimos como é bom estarmos os dois
A olhar o mesmo mar,
A escutar a mesma música.
Desejamos ficar, mas temos que ir embora...
Quem sabe se um dia esse mar será só nosso.

Written by: Isabel Vilaverde


A TUA VOZ


Envolves-me demoradamente no teu abraço,
Mostras-me o sorriso dos teus olhos a brilhar,
Segredas-me a calma das horas por inventar,
A tua voz  acorda-me do silêncio do tempo,
Tempo que vai morrendo nas noites longas e frias...
Afagos e beijos suspensos no vazio dos dias,
Mãos que se querem dar ao corpo, ao acordar,
Agora sei, são os teus lábios que quero sentir,
São os teus braços que quero guardar,
É em  ti que me quero reinventar,
Neste tempo, só nosso, perfeito para amar.


Written by: Isabel Vilaverde
4 Dezembro 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

OS MEUS MUROS


Sinto o teu toque leve na minha mão,
Caminhamos por entre a indiferença dos outros,
Mostras-me a simplicidade das coisas
E a beleza do Ser que guardas em ti,
Procuras-me os olhos, receio olhar-te...
Não quero desiludir-te com os meus muros,
Perpetuam-se os momentos partilhados contigo,
O tempo passa sem nos darmos conta,
Os rostos tocam-se numa carícia,
As bocas, presas de desejo, unem-se...
Os olhos despedem-se num até breve,
Como a felicidade feita de eternos instantes.


Written by: Isabel Vilaverde
26 Novembro 2009




SE SOUBESSES


Se soubesses como sinto
O vazio percorrendo o corpo...
Se soubesses como o encanto
Das tuas palavras me aliviavam
O cansaço dos dias...
Se soubesses como estou triste
Por andar perdida de ti...
E nesta caminhada solitária,
Sinto que estás cada vez mais longe,
Não consigo encontrar-te...
A noite chega, os olhos fecham-se,
Morro de tédio por dentro!


Written by: Isabel Vilaverde.

Imagem: Douro, foto de Isabel Vilaverde.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ESTAÇÃO DE PINHÃO


BARRAGEM DE CASTELO DO BODE


IMAGENS DO DOURO


GOTA DE ÁGUA


Escutar-te é ouvir uma terna melodia,
Cada palavra dita prende-me os sentidos,
Cada sorriso acorda-me da nostalgia que sinto
Quando estou só,
Sem ti, sou uma gota de água caída ao acaso,
Procuro a folha sacudida pelo vento que canta
E solto o grito no silêncio do pranto.

Written by: Isabel Vilaverde




CORAÇÃO TRISTE


Olhei-te nos olhos,
Senti a vontade de viver que pulsava em ti,
Apesar do sorriso, o meu coração estava triste,
Tal como o mar ao aparentar serenidade
Naquele  crepúsculo de fim-de-tarde.
Ante as nuvens densas que cobriam o Sol,
Queria dizer-te tanto...
Mas tão-pouco te disse, esvaziada das palavras
Que gostarias de ouvir se te amasse...
Mereces tudo o que não tenho para te dar.


Written by: Isabel Vilaverde.

Imagem: Foto de João Marques.

 

TEMPO IMPERFEITO


Caminho errante,
Procuro o teu abraço
Que tarda em chegar,
Levo comigo a saudade,
Rói-me por dentro,
Num lamento constante
Vai teimando em ficar.
Vagueio pelas ruas,
Ouço os suspiros incertos do vento,
Vou em direcção ao mar,
Sentindo-me naufragar sem cais de chegada,
Como uma estrela cadente,
Perdida no meio do nada.
Na praia deserta e fria,
Repouso o corpo cansado,
São tantas as memórias que em mim trago...
E choro em silêncio o meu pranto
Aonde ninguém me vê.
De olhos rasos toco a espuma
Que se desfaz na areia,
Tal como eu me sinto, desfeita,
Neste tempo imperfeito, feito de ausências.
Liberto a dor e calo o sonho,
Hoje quero esquecer-te para voltar a viver.

Written by: Isabel Vilaverde


 Imagem: Praia Jalé, S.Tomé e Príncipe
                    Foto J. C. Reis.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

DOURO


Foto por: Isabel Vilaverde
Douro, 2008

INDIFERENÇA


 Durmo e sonho,
 Acordo e penso,
 Entre tu e eu
 Um rio corre lento para o mar sem fim,
 Claro e desatento,
 Sem olhar sequer ou chorar por mim.

 Written by: Isabel Vilaverde

 Imagem: Douro.
                Foto de Isabel Vilaverde.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

PENSAMENTOS


"Ninguém viaja sozinho. Estamos sempre acompanhados pela nossa consciência".



"Não devemos sentirmos-nos importantes pelo que temos, mas pelo que somos e fazemos
pelos outros".


"É bonito partilharmos com os outros o que temos em excesso. Mas é sublime partilharmos com
os outros o que não nos sobra".

Written by: Isabel Vilaverde.
Imagem: Douro.
                Foto de Isabel Vilaverde.

sábado, 21 de novembro de 2009

ALENTEJO MEU AMOR


Olhos perdidos no tempo a mirar-te...
Imenso, dourado, macio, perfumado,
Terra de searas ondulantes, do mágico e rubro entardecer,
Vive em mim ditosa saudade de te não ver.
Alentejo, meu amor, minha alegria e dor,
Guardo no fundo da alma mentiras e desamor.
Mas tu deste-me o sorriso, o instante, o infinito,
Os beijos e o pôr-do-sol.
Sabes receber e dar...
Chorosos me ficaram os olhos por te deixar,
Trouxe comigo o chilrear dos pássaros,
Os ribeiros estreitos de água fresca,
O aroma dos eucaliptos e do rosmaninho,
A brisa suave e quente que me envolveu docemente,
E me aconchegou de mansinho.
Guardo de ti a singeleza...
O desejo nascido das entranhas de um dia a ti voltar,
Terra dos silêncios, das longas noites por inventar,
Sinto paz quando te vejo,
Oh meu Alentejo das horas mortas a passar.


Written by: Isabel Vilaverde
20 de Setembro de 2009

   
 Imagem: Minas de S.Domingos.

OUTONO


Outono que levaste o verde da Primavera,
Tingiste de mil cores os caminhos,
Os bancos do jardim onde me sento a meditar,
Outono dos dias pálidos, das noites mais frias,
Da chuva miudinha que bate na vidraça,
Da triste alma minha que detrás observa quem passa...
Outono dos amores e da vindima, da castanha assada,
Perfumando com o seu aroma as ruas desta Lisboa rendilhada.
Outono que passeias comigo à beira-mar
E me envolves na tua fresca brisa,
Escutas o meu lamento, abrandas esta fogueira a crepitar
Deste tédio, deste inútil tempo...
Outono dos afagos, das memórias dos abraços e de beijos molhados,
De amantes enlaçados em teias de amores intensos
Que tardam na despedida,
Perdidos de olhares demorados e densos.
Outono dos momentos, de vidas partilhadas,
Pedaço de brocado cinzelado e fugaz,
Guardo-te em mim como joia rara,
És meu aconchego, meu lilás,
Meu sacrário de amor,
Meu silêncio e minha paz.
 
Written by: Isabel Vilaverde.
 
 

WHERE ARE YOU


Deep inside my memories
Looking around for you, somewhere...
My desperate soul, you're not there!
Come to see the autumn leaves colouring the streets,
Yellow, brown, red,
So is my heart without you to share.
Where are you my love?
So far away to kiss you, to give you a tender hug,
Are you in the clouds upon the sky
Or in the flying birds crossing high?
Can't find you at the raising sun...
Where are you, what have I done?
My hands are empty and cold,
My eyes are milles away...
As poor little flowers fading day after day.
Who am I?
Never been told...
My heart in tears feeling I die,
Can't have you my love,
Just tell me why.

Written by: Isabel Vilaverde
4 de Outubro de 2009

 

A CASTELO DE VIDE


Esmorece a luz no monte,
Espreitam estrelas e luar,
Sentada à porta defronte,
Vejo crianças a brincar.

Correm, riem, pulam, cantam,
Dançam a olhar para mim,
Que riqueza tamanha é,
Morar num lugar assim.

Alentejo, ser de ti,
Em sonhos idolatrado,
Castelo de Vide, terra bela,
Amar-te não é pecado.

E mirar-te lá do alto
De uma qualquer rua estreitinha,
É desvendar-te os mistérios
Que escondes, oh terra minha.

Tens alma de poeta,
És fonte de água cristalina,
Que me acalma e refresca,
Me seduz e fascina.

Meu Alentejo doirado,
Tesouro de beleza pura,
Trago em mim este fado,
De te amar com loucura.

Como um rio de encontro ao mar,
Correndo livre sem fim,
Sinto o coração palpitar,
Quando me demoro em ti.

Lírios do campo, amoras silvestres,
Poejo, eucaliptos, pinturas rupestres,
Tudo em ti me encanta e prende,
As gentes, a paz, que ao redor se sente.

E aquela velhinha que me enternece,
De dedos já gastos e olhar miudinho,
Com passos tão lentos...
Dobrando o caminho.

Olhar vazio no fim da jornada,
Põe na mesa a sopa, o naco do pão,
Partilha em silêncio,
Um grito de solidão.

Esta velhinha que vejo,
Num poial sentada no meu Alentejo,
Malhas vai tecendo num alvo pano,
Voltas de enleio e engano.

Sozinha, curvada pelo peso dos anos,
Olho para ela, nada pede ou diz,
Mas vede o sorriso,
Como ela é feliz!

Autora: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
12 de Outubro de 2009

Imagem: Castelo de Vide. Autor desconhecido.







 
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