quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MEU MENINO


Fecha os olhos meu menino...
Adormece no meu regaço o teu soninho,
Os teus sonhos embalados pela Lua,
Que a noite já espreita de mansinho,
Na cidade silenciosa e nua.

Poema de: Isabel Vilaverde
Setembro/2012




Imagem: Google





 






terça-feira, 18 de setembro de 2012

UM NOVO ACORDAR


Braços pendidos como giestas queimadas
No monte do desespero...
A memória aviva-se por entre a fumaça do tempo
E a alma vagueia vestida de luto...
Há muito que o brilho dos teus olhos se perdeu naquele horizonte,
Onde o sonho e a utopia corriam as noites, os dias,
E eras feliz a cada acordar, lembras-te...?
De olhar turvo, procuras agora uma razão,
E apertado por dor tamanha,
Negas às bocas, famintas, o mísero pão.
Gritas revolta, dilacera-te as entranhas,
Perguntas, então, incrédulo,
Foi para isto que se fez uma Revolução...?
Há muito que as teias do tempo te secaram o corpo
E te abriram rios áridos na pele...
Mas não te silenciaram a palavra!
Não te arrancaram a raiz ao pensamento!
A vontade de te ergueres e exigir um novo horizonte!
Para os filhos desta Nação um novo amanhecer!
Meu País... que definhas aos poucos pela avidez do dinheiro...
Engolido pela ambição desmedida e pela mentira...
Ergue-te, POVO!
Mostra a tua raça a essa gentalha que nos gabinetes te amordaça
E te tece a mortalha!
Jamais te poderão silenciar, jamais!
Quarenta e um anos depois... 
Queres um novo acordar!

Poema da autoria de: Isabel Vilaverde
18/9/2012
Reescrito em: 15/04/2014 e 8/4/2015
(@Todos os Direitos Reservados)


Imagem: Google.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

É URGENTE


Onde está o grito dos poetas,
As notas dos músicos tocadas em uníssono,
E as tuas mãos levantadas, POVO,
A travar o chicote que te açoita impunemente?
Onde estão os corpos erguidos, os olhares convictos,
As palavras firmes, acutilantes,
A apedrejarem a impiedade dos carrascos?
Onde está o peito destemido aberto às balas
A exigir justiça e pão?
POVO, porque trabalhas e cada vez mais está vazia a tua mão?
Onde estão as mulheres e homens guerreiros
Deste país... mortos?
Agonizam já num gueto de opressão,
Famílias sem tecto, fenecem às mãos de um vilão que vos rouba os sonhos,
Para onde caminhas, POVO, para onde?
Trinta e oito anos de Revolução, onde estão??
Perdeste a força para lutar?
Acaso perdeste a razão?
Perdeste a memória do tempo?
Deixas-te vencer... assim?
Acorda, sê firme!
Defende o que é teu por direito,
Honra a memória dos que lutaram antes de ti,
Não te deixes amordaçar, outra vez matar,
Sê POVO inteiro,
É tempo de dizer basta!
É URGENTE DIZER, NÃO!


Poema: Isabel Vilaverde
Setembro 2012
(@Todos os Direitos Reservados)

Imagem: Google


FOGO ETÉREO


Amor...
Dá-me a quietude dos teus braços
Para neles escutar o quebrar das ondas,
Deixa-me sentir o odor da maresia
Nas tardes preguiçosas,
O afago dos teus lábios nos meus a brincar,
E as tuas mãos nas minhas, entrelaçadas,
Como suaves pétalas de rosas,
Deixa-me ficar no som da tua voz, aconchegada
E evolar-me nas tuas carícias e silêncios,
Amor...
Fica nos meus olhos só mais um instante
Até o sono de ti me levar,
Deixa esta alegria florescer em mim,
Vamos descer o leito deste rio a transbordar,
Saciar a sede de infinito,
Na alvorada das suas margens o nosso olhar remansear,
Amor...
Desenha-me na pele o fogo etéreo,
A memória do teu cheiro, o teu poema delirante, o teu amar,
Protege-me do perigo de naufragar,
Fica comigo neste imenso azul à beira de um ameno entardecer.


Poema: Isabel Vilaverde
11 de Setembro 2012

















Imagem: Google.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

JARDIM DE VENTO


Tão distantes os teus olhos estão dos meus...
Humedecem sempre que penso em ti,
E o tempo, amor, o tempo passou por nós impiedoso...
Deixou ondas prateadas no cabelo e sulcos na pele...
Tenho saudades de acariciar os rios azuis das tuas mãos...
Beijá-las como fazia quando estávamos os dois de sonhos perdidos,
A olhar o horizonte com a mesma força de amar.
Já não te tenho... Mas sinto ainda dentro de mim o fogo dos
beijos que trocámos... E quando nos olhávamos, as luas dos nossos olhos
Reflectiam a felicidade que sentíamos.
Hoje tudo é mais triste, mais lento, os dias passam...
Como são diferentes... Correm em paralelo com os teus...
Construí um castelo de saudade onde moro,
Um jardim de vento onde ainda me ergo, qual árvore despida, sem
o teu olhar a atravessá-lo.



Poema de: Isabel Vilaverde
Setembro 2012













Imagem: Google.


 
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