segunda-feira, 29 de julho de 2013

TENHO OS SONHOS NA PALMA DAS MÃOS



Tenho os sonhos todos na palma das mãos...
Tenho o teu olhar, o teu respirar, o teu toque na minha pele...
Sem destino vou nas asas do teu amor.
Não quero fechar as mãos a este sonho que me despertou
e me faz tão feliz...
Vou... sem querer saber até onde me levará...
O passado morreu, terminou!
Hoje só a tua voz  ouço no meu ouvido,
Só o teu olhar fica no meu perdido,
Só o teu beijo encontra o meu,
Só tu acendes uma fogueira que arde... arde....
e me abrasa os sentidos...
Tenho os sonhos todos na palma das mãos,
E todos os momentos por viver.
Quero amar-te, beijar-te as lágrimas,
Segredar-te ao ouvido a calma dos dias...
Quero que sejas aragem fina a aflorar a minha pele
e sorriso na minha boca,
Deixa-me prender-te no meu abraço e dizer-te o quanto
és importante para mim...
Fica...
Espera comigo o luar,
E todos os momentos,
Todas as coisas irão, aos poucos, ocupar o seu lugar.
Há quanto tempo queria caminhar descalça no areal deserto
de mãos dadas contigo...
E hoje tu foste o meu porto-dos-sentidos,
O meu porto-de-abrigo.
Quero que o sejas no voo das andorinhas,
Nas folhas amarelecidas,
No branco dos caminhos,
No Sol intenso dos dias,
No olhar cúmplice, nos dedos entrelaçados,
E quando o nosso caminho se encurtar...
Que saibamos caminhar,
Com o mesmo amor no olhar.

Autora: Isabel Vilaverde
29 de Julho de 2013
(@Todos os Direitos Reservados).

Imagem: Praia das Chocas, Moçambique.
Autor desconhecido.






sexta-feira, 26 de julho de 2013

MANTO PÚRPURA



Nos teus braços estendidos,
Ao sabor das tardes quentes,
Meus olhos são cristais perdidos,
Meus lábios são beijos ardentes.

Fogueira que em mim arde sem cessar,
De querer nas tuas searas me perder,
E esta saudade no meu peito a transbordar,
E este orvalho nos meus olhos sem se ver.

Céu de manto púrpura vestido,
Desenhado sobre os montes recortados,
Crepitam no chão rubras papoilas,
No ar dançam perfumes almiscarados.

Minh´alma é uma imensa planície,
Sequiosa das tuas noites de luar,
Do canto ritmado das cigarras,
Do murmúrio das fontes a solfejar.

Parti sem o querer, meu Alentejo amado,
Tristes os sinos repicaram num pranto sem fim,
E os meus olhos gotejando perguntaram,
Oh meu Deus porque tem que ser assim?

Autora: Isabel Vilaverde
Julho 2013

Imagem: Google.



quinta-feira, 18 de julho de 2013

GRITO VERMELHO



Oh imenso e loiro trigal,
Ao braseiro do Sol deitado,
Oh planícies verdejantes,
Saudosos choram meus olhos distantes.

Sinto um sopro de vento na pele,
Leve e quente a sussurrar,
Aflorando de mansinho,
Meu rosto afogueado vem beijar.

Oh árvores frondosas curvadas,
Morrendo num rubro poente,
Imploram dos céus a bênção,
Das gotas de chuva ausente.

Papoilas à brisa se agitam,
Num grito vermelho de espanto,
Oh meu Alentejo abandonado,
Às mornas tardes de encanto.

Desce o silêncio sobre os montes,
Os bichos se aquietam e eu,
Baixinho palpitam as fontes,
Tudo em volta adormeceu.

Autora: Isabel Vilaverde
Julho de 2013
(@ Todos os direitos reservados).



quinta-feira, 4 de julho de 2013

FULGOR


Exalo o perfume da saudade que se prende em mim,
Saudade esculpida pela dor de um amor que emudeceu,
Nos olhos ficou-me um rio...
Vagueio à deriva pelas águas tumultuosas deste meu existir
Num emaranhado de pedaços carcomidos,
Já não canto manhãs endoidecidas,
Deste amor afogueado ficou-me o silêncio da noite,
Viajo por lugares onde fomos felizes,
A lembrança fere-me como espinho cravado na pele,
Sou uma manta de retalhos desbotada pelo tempo...
Não tenho conserto, não sinto alento,
Mas trago ainda na boca rubros beijos por dar,
No peito um leito de amor por derramar,
Escondida nos olhos uma lua plena,
Já não espero os teus devaneios, os teus risos soltos, o teu abraço no meu,
Em nós tudo foi vida, chama intensa, fulgor,
Em mim
 hoje tudo morreu.

Autora: Isabel Vilaverde
(Todos os Direitos Reservados).

Foto: Autor desconhecido.


 
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