segunda-feira, 20 de setembro de 2010

FALA-ME DE TI...




Fala-me de ti, da tua solidão. Tenho de perceber se ela é igual à minha. Fala-me das tuas vitórias e das tuas derrotas. Fala-me dos momentos intensamente vividos, das alegrias sentidas, dos caminhos errados que percorreste, dos medos, das frustrações. Fala-me de ti, para eu perceber que não estou só.
Sei que precisas de tempo e de silêncio para te encontrares, eu também. Cruzámo-nos por um acaso, uma feliz coincidência ou não e, na nossa solidão, partilhamos as vidas, ainda que distantes pelas barreiras físicas, mas perto, bem perto um do outro. Tu e eu vivemos, nesta solidão partilhada, menos sós.
Fala-me de ti, do que ainda queres ser. Não importa o que tu e eu fomos, mas sim o que somos. Para ti e para mim, tem de existir amanhã. Não podemos viver aprisionados pelo medo de não conseguirmos. Para quê levantar barreiras dentro de nós? Essas são as mais perigosas e difíceis de demolir, tu sabes.
Já experimentámos a dor. Já cruzámos caminhos, mares, outras vidas, já sonhámos ideais. Por tudo isso somos hoje mais do que fomos. Um cúmulo de aprendizagens e de sabedoria. Somos audazes, perante as adversidades, e capazes de destrinçar o bem do mal. Sabemos o que queremos, o que nos faz bem e nos permite avançar. Por isso escolhemos o nosso caminho. A reflexão deverá estar sempre presente nessa escolha, ao pretendermos ir ao encontro do verdadeiro sentido da vida.
A vida é uma só estrada, por todos percorrida, longamente ou em tempo breve. Nela, encontramos dor, amor, amizade, solidariedade, cumplicidade, partilha; pilares que nos humanizam e nos tornam grandes. Mas também encontramos ódio, indiferença, crueldade, mentira, arrogância; tudo o que nos torna monstros com forma humana.
Uma palavra dita, um gesto, mostrados de forma especial, farão a diferença. Marcarão, para sempre, a nossa memória e as nossas vidas.
Fala-me de ti, meu amigo. Deixa que o Sol te inunde o coração. O meu está pronto para te acolher, tranquilamente. Guarda a solidão que precisas para te encontrares, e partilha comigo aquela outra que te magoa. Tenho todo o tempo do mundo.


Com amizade...
Isabel Vilaverde
(dedicado a um amigo
em sofrimento).
20 Setembro 2010






Sem comentários:

Enviar um comentário

 
Licença Creative Commons
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 2.5 Portugal License.