Todos nós, pelo menos uma vez na vida, encontrámos alguém, que nos fez parar para pensar. Situações verdadeiramente inesperadas, que podem mudar, radicalmente, o rumo da nossa vida. E, por isso mesmo, quantas vezes nos questionámos, com o intuito de encontrar uma explicação, um sentido. Pensámos, analisámos, avaliámos prós e contras...
O que nos pareceu, à priori, fácil, tornou-se difícil... o que nos pareceu difícil e complicado, veio a revelar-se simples. E isto aconteceu-nos vezes sem conta.
O nosso instinto, aliado à experiência de vida, dá-nos directrizes sobre o que fazer, perante as tais situações inesperadas. E começamos, quase de modo inconsciente, a fazer uma triagem, após a qual tomaremos uma atitude, faremos uma escolha, seguiremos um rumo.
Mas, como em tudo na vida, a voz do coração quase nunca coincide com a voz da razão. E, quando se trata de sentimentos, tudo se complica...
O medo de nos deixarmos amar existe na realidade. Resistimos perante o desejo. Todos desejamos viver um grande amor, nem todos somos capazes de o viver.
Ao aceitarmos tal condição, de ser amado e de amar, teremos, obviamente, de aceitar tudo o que ela implica. Estaremos, realmente, dispostos a correr tais riscos? O risco de vir a sofrer, o medo de falhar, a capacidade de fazer cedências...
Quando iniciamos uma nova relação, será que arrumámos, definitivamente, dentro de nós, todos os aspectos negativos da relação anterior? Estaremos dispostos a entregarmo-nos a essa nova relação, fugindo de uma certa tendência, humana diria, de comparar pessoas? Será que estaremos à altura de amar o/a outro/outra, com total isenção, sem deixarmos os «ses» e os «mas» interferirem no nosso caminho?
Todos temos medo de sofrer, apesar do sofrimento fazer parte da vida e do nosso crescimento, como pessoas. É ou não verdade que, quando ficamos sós, depois de uma relação terminada, dizemos: «nunca mais» ou «nem tão cedo me meto noutra». Isto, evidentemente, quando não agimos com leviandade... e exigimos de nós uma atitude de introspecção.
Também é verdade que, quando ficamos sós, quase sempre nos focamos noutros interesses, tentando desviar a atenção para áreas que, de alguma forma, preencham o vazio pela ausência de um companheiro ou companheira. Com isto, não quero de forma alguma dizer que, quando temos alguém ao nosso lado, deixamos de fazer o que gostamos ou desejamos. O nosso espaço individual deve ser sempre mantido, numa vivência de partilha. O que pretendo realçar é, tão somente, que alteramos hábitos, estabelecemos prioridades onde, por vezes, uma nova relação não tem lugar.
Essas prioridades tornam-se rotinas, ficamos preguiçosos, individualistas, achando até que perdemos a capacidade de amar - puro engano! O racional e o emocional entram em desequilíbrio. Para que tudo volte à normalidade e a vontade de amar renasça, há que quebrar as barreiras do comodismo que deixámos instalar dentro de nós, não termos medo de arriscar, criando um novo espaço para deixar entrar o pulsar do amor.
Ninguém nasce para viver sozinho. Precisamos de amar, tal como precisamos do ar para respirarmos.
O que é essencial na vida de cada um de nós, o que perdurará enquanto a percorremos, o que nos une e nos fará felizes, são os laços do amor e da amizade que conseguimos estabelecer uns com os outros. Tudo o mais, é acessório.
Setembro de 2010
(@Todos os Direitos Reservados).
Imagem: Google.
É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar. Depende de quem ama e não de quem é amado. Depende do esforço e disponibilidade de quem ama. Ninguém merece ser amado, porque ninguém pode deixar de merecer ser amado.
ResponderEliminar(do meu texto: Amar como o vento)
Obrigada! Conheço o seu texto. Gostei muito de o ler.
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