sábado, 3 de setembro de 2011

SE PUDESSE ESCOLHER SER OUTRO ANIMAL


Se pudesse escolher ser outro animal, teria extrema dificuldade... Pássaro, peixe, mamífero ou planta. Gosto de todos. Mas qual o critério da escolha? Temos de escolher de acordo com critérios, não temos? Talvez pelo tempo de vida que teria, pelo que está predeterminado para cada espécie. Mas não é certo, nunca é certo! Umas vezes esperamos muito e é pouco. Outras, esperamos pouco e é mais...

Pensando em ser pássaro, não viveria muito, se vivesse o que está predestinado. E se pertencesse a uma espécie não protegida ou fosse, daquelas que os caçadores apreciam, uma perdiz ou rola, estaria sujeita a morrer cravada de chumbos! Que morte horrível... também não se escolhe a morte (ou já se pode escolher). Mas se nada disto acontecesse, poderia planar, sentir-me superior aos outros e vê-los a todos, fossem quem fossem, como minúsculos pontos, espalhados pela terra, vales e montes. Tão inúteis e tão iguais seriam para mim... Sim, porque eles, os humanos, parece que não se entendem... Teimam em julgar-se uns mais importantes do que os outros, e mais e mais... Que desperdício de tempo! E eu, pássaro, teria a liberdade de pensar o que achasse, de voar para onde quisesse. No entanto, estaria presa a uma curta vida e não poderia mudar nada.

Se escolhesse ser peixe? Viveria no fundo dos mares, entre rochas e cardumes, algas marinhas e intrusos e barcos naufragados e corais... Teria a liberdade do movimento, desfrutaria da beleza que só alguns têm acesso, mas enfrentaria muitos perigos. Seria o alimento de outros peixes, de crustáceos. Teria de lutar muito por uma curta vida. Hum... não sei.

E se escolhesse ser mamífero? Dependeria onde vivesse. O lugar onde nascemos e onde vivemos, condiciona-nos ou não. Se fosse um animal de porte médio, em África, uma impala, um palanque, uma corsa, uma zebra, viveria rodeada de espaço, de paisagens magníficas, assistiria a um pôr-do-sol fantasticamente vermelho acompanhar o início do meu descanso... Teria a liberdade de correr (outra vez a liberdade), sempre a liberdade, acima de todas as coisas, quantas vezes até da própria vida! Sim, porque uma vida prisioneira não é vida, ou será? Teria de ser muito ágil para não ver a minha vida encurtada por um predador qualquer. Se tivesse escolhido ser uma leoa, teria de caçar muito para sobreviver. Fazer longas esperas, faminta, para alimentar-me e à minha prole e ainda o leão preguiçoso. Este desfrutaria do meu trabalho, do meu empenho e só no final, deixaria um naco de carne ou uma ossada, isto é, se estivesse saciado e bem-disposto... Esta atitude parece-se, às vezes, com a de alguns humanos...

E se fosse uma planta? Se vivesse em casa, num vaso qualquer, dependeria de quem me regasse para não murchar e morrer. Perderia, de vez em quando, partes de mim, e se não me esquecessem, renovar-me-ia até um dia... E se existisse na Natureza? Dependeria da chuva. E se a seca tornasse árida a terra, morreria mais depressa. Se o granizo desabasse e me queimasse ou um frio intenso, morreria. Se não, renovar-me-ia na Primavera, até um dia... Ficaria sempre tão dependente. Chego à conclusão que fosse eu qualquer outro animal, teria sempre a minha liberdade ameaçada. Teria de lutar muito para sobreviver, como agora faço e nada poderia mudar. Viveria muito ou pouco, não dependendo só de mim, mas também do que os outros fizessem.

Enquanto animal humano, luto pela liberdade, pela sobrevivência, pelos ideais, pela igualdade. Derrubo as barreiras da intolerância, venço o medo, desejo a mudança das mentalidades que aniquilam todas as espécies. Luto pela sua preservação. Desejo que todos se unam em torno de um bem comum, de uma maior e melhor justiça social. Desejo que a palavra PAZ seja sentida por todos os Povos.

Sou parte de um todo, gosto de ser o que sou. TODOS somos importantes.

Written by: Isabel Vilaverde
Setembro 2011

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