Jazia sentada de vestes finas
E pele arrepiada,
Olhar afixo, ausente,
Sob a luz difusa das estrelas
Que a noite branda deixava espreitar.
Os lábios, num murmúrio vago,
Soltavam sons inaudíveis
Que só a alma dormente sabia escutar.
Gotas cristalinas bordavam a face,
Como ribeiros de água fresca fecundando as pedras,
Caminhos serpenteados de pureza virginal.
A brisa, suave e leve, secava-lhe, docemente, o rio de saudade.
Ali permanecia sentada, mulher- estátua de alma nua,
Cheia de sonhos por desbravar,
Plena de palavras e de silêncios por desflorar,
Coração minguado à espera que o Sol nascesse,
Lhe trouxesse um abraço envolvente
Ao acordar das manhãs...
Beijos perfumados de flores de jasmim,
Um amor diáfano que rasgasse entranhas,
Que percorresse caminhos
E derrubasse montanhas...
Jazia sentada de vestes finas
E pele arrepiada,
Braços prostrados num regaço vazio,
À espera de outros braços
Que a resgatassem do frio!
Autora: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
Maio de 2010
Imagem: Google.
...que o meu abraço possa servir para amenizar e o frio fazer afastar...
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