Os afectos são, por vezes, relegados para segundo plano e o sofrimento instala-se. São os nossos familiares mais directos que sentem essa realidade. O mundo dos afectos tende a ficar esquecido face ao mundo da competição desenfreada, da realização profissional, do status social. O ter, o parecer, passou a ser o centro das preocupações de muitos. São estas algumas razões pelas quais gravitam à nossa volta tantas pessoas insatisfeitas e infelizes.
Se a realização profissional é importante na vida de cada um de nós, a família deve ser tão ou mais importante. Amarmos mais, reflectirmos sobre a nossa insatisfação, é sabermos encontrar o tal caminho para a felicidade.
O tempo corre e quantas vezes o desperdiçamos com futilidades, quando o poderíamos direccionar para o mundo dos afectos...
Chegamos a casa cansados, depois de mais um dia de trabalho, perguntamos à pressa aos nossos filhos ou companheiros(as) como correu o dia e, ainda estes não responderam, já estamos a virar costas, numa atitude de manifesto desinteresse pelo outro. O tão falado stress instala-se, subtilmente, intromete-se nas nossas vidas e prejudica-nos de tal modo que nem nos damos conta.
O mais preocupante é que pouco fazemos, também, para combater as atitudes geradoras da mencionada instabilidade emocional que acaba por nos conduzir ao sofrimento.
Contudo, reconhecemos, de vez em quando, que não estarmos bem, mas o encolher de ombros surge, porque nos deixamos envolver nos tentáculos perniciosos do stress, perdendo o sentido de melhor viver e deste mosaico incrível que é o mundo, tão pleno e tão rico.
Saber estar, sentir, ouvir, apreciar com tempo e com calma. Observarmos a vida, na sua essência, saber ser espectadores de nós próprios, é necessário para procurarmos a causa dos nossos medos, das nossas inseguranças e insatisfação, e retornarmos o caminho da paz e da serenidade.
A vida é uma dádiva perfeita, que temos o privilégio de usufruir, mas quantas vezes a desvalorizamos...
Os laços familiares são, hoje em dia, mais ténues. Há um afastamento visível entre pais e filhos, entre cônjuges, imposto pelos imperativos da vida actual, que é preciso combater. Não há tempo para o outro. Passamos a vida a dizer: "não tenho tempo para isto...". As preocupações, as dores, as decepções, agudizam-se ainda mais na ausência do diálogo. As pessoas sentem-se mais sós, a viver uma espécie de "voto de silêncio" forçado.
Como escreveu, certo dia, um amigo meu: "A Sociedade ensina a vencer na vida, a ter êxito, mas não ensina a amar...".
É verdade. A Sociedade transforma-nos em seres automatizados. As emoções perdem-se neste fervilhar, neste corre-corre de horários a cumprir e de tarefas a executar.
Subjugados e ausentes, agimos, cumprimos, e quase nunca paramos para questionar.
Reflictamos, pois, um pouco mais. Estreitemos os laços familiares porque a família é a base, o sustentáculo imprescindível para nos afirmarmos como pessoas inteiras e felizes.
Até breve,
Autora: Isabel Vilaverde
Maio 2010
um texto muito rico ,concordo, está nele contido todo o meu pensamento perdem-se os afectos todos queremos ter e parecer mais do que somos .e quem assim não proceder é tacanho mas eu não me importo .a vida tem outros valores que aprecio mais .obrigado pela partilha deste lindo trabalho .continuação de bom domingo um respeitoso abraço .
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário.
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