Ao que damos valor hoje em dia, é uma reflexão que faço muitas vezes. Numa sociedade cada vez mais exigente e competitiva, na qual somos "treinados" para vencer, para sermos "o" ou "a" melhor entre os melhores, caímos na teia, quase inevitável, da abstracção dos valores base, fundamentais à formação do ser humano.
Nas filosofias orientais, por exemplo, apela-se à serenidade, à calma mental e ao equilíbrio. A sabedoria, é o caminho para atingir a felicidade. Segundo a filosofia Budista, é da sabedoria e da compaixão que provém a lucidez de poder usufruir de tudo, em termos materiais, sem se ficar ligado a nada.
Actualmente somos inundados com "montanhas" de publicidade, cada vez mais apelativa, quer seja através dos "Media" ou da Internet ou de cartazes colocados, estrategicamente, nas grandes superfícies comerciais e noutros locais públicos. Somos, mesmo sem o querer, apanhados nessa enorme teia que nos absorve e suga os nossos pensamentos mais puros... Mostra-nos, muitas vezes, à distância de um clique ou de um simples gesto, o caminho para a felicidade que julgamos obter, através da compra do carro desportivo, da casa dos nossos sonhos, das férias de luxo... Slogan: "a conquista da felicidade através da conquista material..."
O que conquistamos, isso sim, é ansiedade, instabilidade e sofrimento.
Fazer depender a felicidade dos bens materiais, centrarmos a luta do dia-a-dia na sua obtenção, é um erro. Quanto mais o fizermos, menos hipóteses temos de ser felizes. Chegados aqui, não precisamos de evocar os inúmeros exemplos que ilustram bem esta realidade.
A felicidade é como um gráfico. Depende da nossa vivência interior, dos momentos de exaltação, do nosso bem-estar físico e emocional.
Amar, aceitar, agradecer o que temos e valorizar quem somos. Evidentemente que só os valores essenciais à formação do ser humano, são os responsáveis por uma existência mais feliz e uma felicidade mais duradoura. A proximidade, a tolerância, a consciência e a aceitação dos nossos defeitos, implica a aceitação dos defeitos dos outros e, consequentemente, que não somos perfeitos.
Na proximidade, estabelecemos e desenvolvemos laços de afectividade. Na tolerância, aceitamos as diferenças, contribuímos para uma sociedade mais humanizada, ao desenvolvermos sentimentos altruístas. Exercemos, assim, uma melhor interacção com todos, quer sejam os nossos familiares, amigos ou colegas de trabalho.
Procurarmos sempre ter uma atitude positiva, assertiva perante a vida, mesmo nos momentos mais difíceis, cuja inevitabilidade toca a todos, como parte do nosso próprio percurso e crescimento.
Os filósofos gregos diziam que, uma vida boa passa pela felicidade com lucidez, e pela sabedoria com acção. Um pensamento perfeitamente aplicável ao presente. Pensar - Sentir - Agir, eis o trinómio para atingir o objectivo.
E, voltando aos valores fundamentais que devem nortear os nossos comportamentos, verificamos que por tudo o que se disse, valorizamos, infelizmente, mais o "acessório" e menos o "essencial".
Passemos, pois, a fazer no nosso dia-a-dia, o oposto.
Isabel Vilaverde
Maio de 2010
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