domingo, 17 de janeiro de 2010

SINFONIA DE AMOR


Naquele fim-de-tarde, o mar estava sereno e a brisa soprava suave e fresca. Parámos, junto ao pontão, fixámos o olhar até onde os nossos olhos se perdiam. Ficámos, ali, suspensos do tempo, inebriados... O meu coração batia descompassado, sentia as mãos húmidas e os pés frios. Os pensamentos desalinhados, tomavam conta de mim, num crescendo de ansiedade. Algo de extraordinário acontecia, eram momentos mágicos, fogueira de sensações ardida a fogo lento, palavras por dizer, guardadas num coração feito amor. Dentro de mim, uma voz dizia: Não digas nada, sente apenas, sente e vive esta paz, esta harmonia... não deixes fugir este instante, guarda-o bem dentro de ti. Dá-me a tua mão... não tenhas medo. De repente, percebi que a voz era a tua. Os teus olhos tinham um brilho especial, e continuaste: Deixa-me sentir-te junto do meu peito, quero beijar a tua mão pequena e perfumada... olhar-te, saciar esta sede de amar-te. Há quanto tempo te inventei, te desenhei nos meus pensamentos, nas longas noites de insónia. Há quanto tempo, e agora, estás aqui, és real. Quero sentir-te, beber os beijos que guardas nessa boca carmim. Quero-os todos só para mim.
Os teus braços, abraçaram o meu corpo trémulo e, docemente, os teus lábios cobriram os meus, num longo e delicado beijo, o primeiro.
     De olhos fechados e corpos colados, assim ficámos, deslumbrados e felizes. Dizias baixinho palavras carinhosas e eu, escutava-te com o olhar brilhante, apaixonado.
O instante é nosso, a eternidade também. Que mais importa, há tanto para viver, para descobrir calado em nós... não temas entregar-te, quero perder-me em ti, atear esta fogueira de prazer. Vem amor, posso chamar-te assim, quero chamar-te assim, é como sinto. Há quanto tempo não ouvia esta palavra, "amor". Queria ouvi-la e dizê-la somente quando fizesse sentido. E agora fazia. Havia tempo que te esperava. Uma torrente de emoções indescritíveis percorreram-me o corpo, extasiaram-me a mente. Tanto que te queria dizer... Que um dia te tinha imaginado, desenhado os teus traços numa tela de sonhos por viver.
Dentro de nós, pulsava uma força de amar enorme. Sentimos, tu e eu, que não a queríamos deixar perder. Entrelaçámos os dedos, unimos, de novo, as bocas, num longo e apaixonado beijo. Depois disseste-me: a partir de hoje, quero ser o sonho bom que vagueia em ti enquanto dormes, quero que sintas o aconchego dos meus braços, que brinques como uma criança, que ames com a sensualidade de uma mulher, que rias, que sejas tu, sem inibições ou medos. Farei tudo para ver-te feliz.
Devolveste-me o sorriso, roubado pelos dias de solidão e eu dar-te-ei o mundo, amor, se for preciso.


Written by: Isabel Vilaverde




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