sábado, 21 de novembro de 2009

A CASTELO DE VIDE


Esmorece a luz no monte,
Espreitam estrelas e luar,
Sentada à porta defronte,
Vejo crianças a brincar.

Correm, riem, pulam, cantam,
Dançam a olhar para mim,
Que riqueza tamanha é,
Morar num lugar assim.

Alentejo, ser de ti,
Em sonhos idolatrado,
Castelo de Vide, terra bela,
Amar-te não é pecado.

E mirar-te lá do alto
De uma qualquer rua estreitinha,
É desvendar-te os mistérios
Que escondes, oh terra minha.

Tens alma de poeta,
És fonte de água cristalina,
Que me acalma e refresca,
Me seduz e fascina.

Meu Alentejo doirado,
Tesouro de beleza pura,
Trago em mim este fado,
De te amar com loucura.

Como um rio de encontro ao mar,
Correndo livre sem fim,
Sinto o coração palpitar,
Quando me demoro em ti.

Lírios do campo, amoras silvestres,
Poejo, eucaliptos, pinturas rupestres,
Tudo em ti me encanta e prende,
As gentes, a paz, que ao redor se sente.

E aquela velhinha que me enternece,
De dedos já gastos e olhar miudinho,
Com passos tão lentos...
Dobrando o caminho.

Olhar vazio no fim da jornada,
Põe na mesa a sopa, o naco do pão,
Partilha em silêncio,
Um grito de solidão.

Esta velhinha que vejo,
Num poial sentada no meu Alentejo,
Malhas vai tecendo num alvo pano,
Voltas de enleio e engano.

Sozinha, curvada pelo peso dos anos,
Olho para ela, nada pede ou diz,
Mas vede o sorriso,
Como ela é feliz!

Autora: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
12 de Outubro de 2009

Imagem: Castelo de Vide. Autor desconhecido.







Sem comentários:

Enviar um comentário

 
Licença Creative Commons
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 2.5 Portugal License.