sexta-feira, 23 de setembro de 2011
GUARDO AS PALAVRAS
Gosto da tua voz...
De ouvir-te ao cair do dia,
De ondular-me aos afagos
Dessa doce melodia, tocada nas palavras,
E penso-te...
Encurto a distância que nos separa,
Consigo sentir-te,
Acariciar-te, como a brisa acaricia a noite,
Falta-me o brilho dos teus olhos,
Reflectido no silêncio dos gestos por acontecer,
Não tenho pressa...
Guardo as palavras para um dia te dizer.
written by: Isabel Vilaverde
Setembro 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
FILHOS DA TERRA
Gosto de ver barcos, traineiras coloridas
No sol-poente a deslizar...
Ou quando a Lua alta mora,
E espreguiça o seu luar.
Gosto de ver a Serra solitária,
E as aves, tão leves, a planar,
Nas calmas águas deste rio Sado,
Onde navega gente guerreira do mar.
Filhos da terra,
Homens bons, simples e crentes,
Nunca se deixam dominar.
Pelos momentos de infortúnio,
Quando ondas se agigantam,
E lhes roubam a esperança de voltar!
Written by: ISABEL VILAVERDE
Setembro de 2011
DEVO ESQUECER-TE
Quisera, por minhas odes, esquecer,
Um tempo longínquo de promessas e querer,
Em que o sorriso nos meus lábios ficava,
Até ao despontar do amanhecer.
Neste sussurrante lamento,
Cada gota de chuva me lembra da saudade,
Dos beijos rubros da tua boca,
Dos afagos e carícias, momentos de felicidade.
Devo esquecer-te, eu sei,
Sonhar outras manhãs, outros jardins em flor,
Enterrar este passado e com ele a minha dor.
Talvez o faça, não sei... e espere, diáfano, outro amor,
Mais forte do que senti, sem medo de vê-lo partir,
E em Primaveras me entregue, inteira, de novo a sorrir!
Written by: Isabel Vilaverde
Setembro de 2011
VOU NAVEGANDO ESTE MAR
Momentos tenho não sei quem sou,
Procuro-me a todo o instante,
Por esses caminhos leva o corpo,
Por vezes, uma alma errante.
Mas não desisto, eu vou,
Com vontade de chegar,
De ver os teus braços erguidos,
À espera dos meus abraçar.
Vejo outros por mim passar,
Com pressa e sem parar,
E eu sempre devagar...
Vou navegando este mar,
Renascendo em cada dia,
O tempo de ser e de ficar.
Written by: ISABEL VILAVERDE
Setembro 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
TEMO
Temo que as palavras
Não digam tudo o que sinto,
Temo que o silêncio
Não chegue para dizer o quanto te amo,
Temo que um beijo seja pouco
Para atear a fogueira de sentires,
Temo que o tempo seja breve
E me roube o "nós" e o amanhã,
Temo que a vida me leve
A felicidade num sopro,
Temo que um sopro me baste
Para me sentir feliz!
Written by: Isabel Vilaverde
Setembro 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
IN MEMORIAM (11 de Setembro 2001)
Nesta folha em branco, quereria escrever os nomes de todas as pessoas que pereceram naquele fatídico dia 11 de Setembro de 2001...
O coração da América foi ferido de morte. O seu orgulho manchado, pelo aviltamento e a monstruosidade de um homem, de uma seita, de um grupo que age e espalha o terror, em nome de uma suposta "Libertação"...
Tentáculos, poderosos, chegam aos quatro cantos do Mundo, numa dança cega de ódio, violência e fanatismo, num desejo mórbido de o controlar...
Vidas interrompidas abruptamente... Despedidas emocionadas de pais, de filhos, de esposos e de amantes, presos, por segundos, à vida. Outros, nem tempo tiveram para dizer a palavra «Amo-te» ou a frase «Não me esqueças», impotentes, perdidos como grãos de areia, numa gigante duna, que num ápice se desfez! Gente obrigada a morrer, sem piedade, só porque estavam, àquela hora, no local errado. Bonecos usados, manipulados como marionetas, nas mãos de um louco!
Um cheiro a morte antecipada. Um inferno de chamas engolindo, com avidez, os corpos inocentes... Nuvens de pó negro, adensadas, esconderam o NADA que restou do World Trade Center, em Nova Iorque. Apenas escombros, ferros retorcidos e dor, muita dor, ali ficou no meio do betão...
Vidas que lutaram para salvar outras vidas, esquecendo-se da ameaça que pairava sobre a sua própria vida. Não havia tempo para pensar. Só podiam pensar com os pés e correram, muitos deles para o abismo.
Sonhos perdidos para sempre... Uma história de dor, de saudade e de muito sofrimento ficou nos que ficaram para contar a história.
Lágrimas caíram em rostos anónimos, de todas as cores e de todos os credos. O Mundo, atónito, tentou perceber o que era a completa e total incompreensão do gesto. E todos nós perecemos, um pouco, naquele dia...
Hoje, reflicto sobre aqueles momentos. Visualizo, na minha memória, as imagens de terror. Ouço, por instantes, os gritos aflitos das pessoas.
Reforço, em mim, de entre os demais valores que me foram transmitidos, o significado da palavra Igualdade.
Ali, naquele lugar onde tudo aconteceu, entre aqueles homens e aquelas mulheres, esvaeceram-se diferenças. Ricos, pobres, indigentes e sem-abrigo, foram apenas pessoas iguais a lutar pela vida.
Setembro de 2011
Imagem: Google.
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Pequenas histórias - Reflexões.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
FOGUEIRA
Dei-te os meus lábios, o meu ser,
Dei-me inteira nas tuas mãos, amor,
Gestos de ternura que os teus braços desprenderam,
E serena a Minh 'alma rejubilou em flor,
Fogueira ateada de palavras,
De carinhos, de desejos mudos,
Foi cobrindo de beijos, saciando na pele,
Os nossos corpos desnudos,
Dei-te o meu sentir, os sonhos, dei-te tudo,
Deste-me a razão de te amar,
E os versos, estes que te escrevo,
São todos para te dar.
Written by: Isabel Vilaverde
Setembro de 2011
sábado, 3 de setembro de 2011
SE PUDESSE ESCOLHER SER OUTRO ANIMAL
Se pudesse escolher ser outro animal, teria extrema dificuldade... Pássaro, peixe, mamífero ou planta. Gosto de todos. Mas qual o critério da escolha? Temos de escolher de acordo com critérios, não temos? Talvez pelo tempo de vida que teria, pelo que está predeterminado para cada espécie. Mas não é certo, nunca é certo! Umas vezes esperamos muito e é pouco. Outras, esperamos pouco e é mais...
Pensando em ser pássaro, não viveria muito, se vivesse o que está predestinado. E se pertencesse a uma espécie não protegida ou fosse, daquelas que os caçadores apreciam, uma perdiz ou rola, estaria sujeita a morrer cravada de chumbos! Que morte horrível... também não se escolhe a morte (ou já se pode escolher). Mas se nada disto acontecesse, poderia planar, sentir-me superior aos outros e vê-los a todos, fossem quem fossem, como minúsculos pontos, espalhados pela terra, vales e montes. Tão inúteis e tão iguais seriam para mim... Sim, porque eles, os humanos, parece que não se entendem... Teimam em julgar-se uns mais importantes do que os outros, e mais e mais... Que desperdício de tempo! E eu, pássaro, teria a liberdade de pensar o que achasse, de voar para onde quisesse. No entanto, estaria presa a uma curta vida e não poderia mudar nada.
Se escolhesse ser peixe? Viveria no fundo dos mares, entre rochas e cardumes, algas marinhas e intrusos e barcos naufragados e corais... Teria a liberdade do movimento, desfrutaria da beleza que só alguns têm acesso, mas enfrentaria muitos perigos. Seria o alimento de outros peixes, de crustáceos. Teria de lutar muito por uma curta vida. Hum... não sei.
E se escolhesse ser mamífero? Dependeria onde vivesse. O lugar onde nascemos e onde vivemos, condiciona-nos ou não. Se fosse um animal de porte médio, em África, uma impala, um palanque, uma corsa, uma zebra, viveria rodeada de espaço, de paisagens magníficas, assistiria a um pôr-do-sol fantasticamente vermelho acompanhar o início do meu descanso... Teria a liberdade de correr (outra vez a liberdade), sempre a liberdade, acima de todas as coisas, quantas vezes até da própria vida! Sim, porque uma vida prisioneira não é vida, ou será? Teria de ser muito ágil para não ver a minha vida encurtada por um predador qualquer. Se tivesse escolhido ser uma leoa, teria de caçar muito para sobreviver. Fazer longas esperas, faminta, para alimentar-me e à minha prole e ainda o leão preguiçoso. Este desfrutaria do meu trabalho, do meu empenho e só no final, deixaria um naco de carne ou uma ossada, isto é, se estivesse saciado e bem-disposto... Esta atitude parece-se, às vezes, com a de alguns humanos...
E se fosse uma planta? Se vivesse em casa, num vaso qualquer, dependeria de quem me regasse para não murchar e morrer. Perderia, de vez em quando, partes de mim, e se não me esquecessem, renovar-me-ia até um dia... E se existisse na Natureza? Dependeria da chuva. E se a seca tornasse árida a terra, morreria mais depressa. Se o granizo desabasse e me queimasse ou um frio intenso, morreria. Se não, renovar-me-ia na Primavera, até um dia... Ficaria sempre tão dependente. Chego à conclusão que fosse eu qualquer outro animal, teria sempre a minha liberdade ameaçada. Teria de lutar muito para sobreviver, como agora faço e nada poderia mudar. Viveria muito ou pouco, não dependendo só de mim, mas também do que os outros fizessem.
Enquanto animal humano, luto pela liberdade, pela sobrevivência, pelos ideais, pela igualdade. Derrubo as barreiras da intolerância, venço o medo, desejo a mudança das mentalidades que aniquilam todas as espécies. Luto pela sua preservação. Desejo que todos se unam em torno de um bem comum, de uma maior e melhor justiça social. Desejo que a palavra PAZ seja sentida por todos os Povos.
Sou parte de um todo, gosto de ser o que sou. TODOS somos importantes.
Written by: Isabel Vilaverde
Setembro 2011
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