sexta-feira, 18 de outubro de 2013

UM TEXTO DESNUDO COMO A MINHA ALMA



        E hoje é dia de lágrimas. Talvez julgues que são chuva no meu rosto, por se confundirem com os pingos que, indistintamente, caem, e eu até diga que sim ou melhor, nada diga, para te iludir o pensamento.
Todos os dias o tempo é diferente, embora os dias pareçam iguais. Estar, sair e voltar à mesma casa, aos mesmos lugares, dar os bons-dias ao homem do talho, ao dono da frutaria, à menina da caixa do supermercado ou ir tomar o habitual café ao sítio do costume. Aparentemente nada se modificou. É só mais um dia entre todos os outros já vividos e sê-lo-à, certamente, entre os que estão para vir. Mas todos os dias, nesta aparente monotonia da inalteração dos lugares e das coisas, o vazio vai-se instalando em mim.
        Acontecem mortes, as físicas, quando os amigos ou entes queridos partem, e as outras. As mortes da alma, do acumular de vazios e de lutos, que me vão tornando cada vez mais triste e insegura. Não sei se a experiência de vida que julgo ter me serve de alguma coisa. Por vezes penso que serve coisa nenhuma. Sinto que o tempo é um paralelo onde não me encontro mais. Não sei o que espero ou se até devo esperar. O tempo tem sido um padrasto, um carrasco, nas minhas horas de luta. O que me resta é tão pouco já. É cada vez menos. Hoje vivo de afectos. São o meu suporte, a única maneira que tenho para viver. Não haverão palavras que me confortem. Apenas sentires.
Se partires, eu vou também.

Autora: Isabel Vilaverde
18 de Outubro de 2013
(@Todos os Direitos Reservados).

Foto: Imagens google.

Sem comentários:

Enviar um comentário

 
Licença Creative Commons
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 2.5 Portugal License.