segunda-feira, 9 de julho de 2012

INÚTIL GUETO


Sete letras apenas formam a palavra saudade,
E o grito dentro de mim,
LIBERDADE, LIBERDADE!

Quero ver os barcos ancorados
Na pequena enseada,
O pôr-do-sol no ocaso dos teus olhos,
As nuvens esparsas, um sorriso teu,
Um véu de estrelas luzentes a cobrir o céu.


Quero ver as flores a brotar,
O dia a nascer,
Minha filha a balbuciar a palavra
Que me fez renascer,
Ouvi-la, vê-la sorrir.

Quero abraçar aquela que amo
E todos os outros,
Desenhar no horizonte um rio,
Um luar, uma ponte, e sonhar,
Unir margens e levar comigo
Todos os meninos em múltiplas viagens.

E o grito dentro de mim,
LIBERDADE, LIBERDADE!

Tudo isto só tu vês... não eu,
Fechado que estou neste inútil gueto,
De tudo privado,
Sem saber de que sou culpado.

Privado...? Não, não do pensamento!
Nunca me poderão agrilhoar,
Matar-me a fome de pensar,
O ensejo de saber,
A sede de lutar!

Podem tirar-me tudo,
Chicotear-me,  mutilar-me,
Embaciar meus olhos de lágrimas,
Ensanguentar meu corpo desnudo,
Separar-me dos que amo,
Invadir a minha casa,
Que o meu pensamento, o meu desejo,
Será mais forte que o medo, o degredo,
Sobreviverá por cada mártir,
Feito mordaça às vossas mãos.

E só a morte do meu corpo, digo-vos,
Só a morte calará o grito dentro de mim,
LIBERDADE, LIBERDADE!

Written by: Isabel Vilaverde
09-07-2012

Homenagem a NABIL AL-RAEE e a todos os
mártires, vítimas da guerra e da cobardia dos homens.


















Imagem: Google imagens.

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