sábado, 7 de agosto de 2010

PERCORRO A NOITE


Percorro a noite...
Perseguido pela sombra colada às minhas costas,
Mártir de mim, amargurado pela orquestra
De pensamentos desafinados que habitam a minha cabeça,
Toca, em cadências decadentes como eu,
Dobrando esquinas de becos sem saída...
Percorro a noite...
E, de passos lentos, respiro a vida
Que deixo escapar, à medida que os ponteiros
De um relógio, incrivelmente certo,
Fazem de mim um ser obediente, um sonhador,
Um idiota, um crente ou talvez não...
Nos bolsos, mãos vazias de ti...
Nos olhos, os contornos do teu corpo cingido ao meu,
Acendo um cigarro... maldito vício!
Inalo profundamente o fumo...
Soltando-o devagar, entrecortado de pausas...
Beijo-te em silêncio e guardo de ti o sorriso que me fez amar-te...
Percorro a noite...
Errante, o eco dos passos que teima em perseguir-me!
Não tenho sono, não tenho chão...
Dentro de mim corre um rio de solidão!
Preciso de te ter nos meus braços,
Para o Sol brilhar no meu coração.

(Dedicado à memória de um
grande amigo).

Written by: Isabel Vilaverde
Agosto 2010

1 comentário:

  1. Detive-me algum tempo a beber a sua poesia, Isabel, e deliciei-me pela sequencia de palavras que brotam da sua sensibilidade.
    Tive conhecimento deste blog, após o comentário que deixou ao meu trabalho. Quero agradecer-lhe as amáveis palavras que deixou.
    Na verdade, o facto de ainda haver pessoas como a Isabel desse lado, vai-me dando alento e força para continuar com aquilo que tenho feito até aqui...
    E acredite, Isabel, certamente que valerá sempre a pena continuar a deliciar-nos com o resultado do seu talento e sensibilidade na forma como coloca as palavras e retrata sentimentos e emoções através delas...

    Beijinho e muito prazer e conhecê-la,
    PF

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