Convidaste-me para um café,
Pretexto para conversarmos,
Sentámo-nos...
O silêncio reflectia-se nos olhares,
Aparentavas estar mais magro,
E eu, como estaria perante os teus olhos?
Vieram os cafés,
Sem pressa de os tomarmos, ficámos abstraídos
Com os nossos pensamentos,
Bebe, disse eu, após o ritual de abrir o pequeno pacote
E o diluir no líquido quente,
Tentativa de quebrar
A longa pausa do momento,
Fica frio, acrescentei,
Ah! É verdade ( lembrei-me),
Gostas do café frio e sem açúcar,
E tu, disse ele,
Gostas do café quente
E aromatizado com canela,
Sim, é verdade, ainda te lembras...
Como poderia esquecer? Disse, olhando-me nos olhos,
Não sei, já passou tanto tempo, disse eu,
Mas nada esqueci, nem de um só momento, disse ele.
Ah! Disse eu de novo, pegando no copo de água
Para preencher o vazio das palavras,
Como estás? (perguntei),
Como tens passado? (perguntaste-me),
O que queres que te responda?
Vou passando, disse eu.
Da análise inicial, passo à afirmação,
Estás mais magro...
E tu, estás igual, bonita, com o mesmo brilho no olhar,
Se soubesses da tristeza, tantas vezes chorei (pensei),
Bondade a tua, disse
Não, verdade inquestionável,
O mesmo olhar, o mesmo sorriso, disse sem desviar os olhos dos meus,
Estou mais velha, isso sim,
Para mim, estás igual!
Linda, como quando te conheci,
Obrigada, sempre cavalheiro, disse, meia desconcertada,
Mas quatro anos passaram por mim, por nós,
Ou nós por eles, já nem sei...
Pegámos nas chávenas,
Sincronizados no gesto,
Dessincronizados na vida,
Desculpa, disse eu,
Sentindo ainda algum desconforto
Pelo fim da nossa relação de três anos,
São horas, tenho de ir,
Pouco mais haveria para dizer
Naquele momento, ou em qualquer outro,
Talvez por falta de coragem
Depois de tão longo desencontro,
Obrigada pelo café!
Obrigado eu, pela companhia!
Vemo-nos por aí se quiseres...
Talvez, quando eu puder (disse),
Não sabendo se iria querer...
Sim, claro, disse ele,
Quando pudermos!
Written by: Isabel Vilaverde
Agosto 2010
Pretexto para conversarmos,
Sentámo-nos...
O silêncio reflectia-se nos olhares,
Aparentavas estar mais magro,
E eu, como estaria perante os teus olhos?
Vieram os cafés,
Sem pressa de os tomarmos, ficámos abstraídos
Com os nossos pensamentos,
Bebe, disse eu, após o ritual de abrir o pequeno pacote
E o diluir no líquido quente,
Tentativa de quebrar
A longa pausa do momento,
Fica frio, acrescentei,
Ah! É verdade ( lembrei-me),
Gostas do café frio e sem açúcar,
E tu, disse ele,
Gostas do café quente
E aromatizado com canela,
Sim, é verdade, ainda te lembras...
Como poderia esquecer? Disse, olhando-me nos olhos,
Não sei, já passou tanto tempo, disse eu,
Mas nada esqueci, nem de um só momento, disse ele.
Ah! Disse eu de novo, pegando no copo de água
Para preencher o vazio das palavras,
Como estás? (perguntei),
Como tens passado? (perguntaste-me),
O que queres que te responda?
Vou passando, disse eu.
Da análise inicial, passo à afirmação,
Estás mais magro...
E tu, estás igual, bonita, com o mesmo brilho no olhar,
Se soubesses da tristeza, tantas vezes chorei (pensei),
Bondade a tua, disse
Não, verdade inquestionável,
O mesmo olhar, o mesmo sorriso, disse sem desviar os olhos dos meus,
Estou mais velha, isso sim,
Para mim, estás igual!
Linda, como quando te conheci,
Obrigada, sempre cavalheiro, disse, meia desconcertada,
Mas quatro anos passaram por mim, por nós,
Ou nós por eles, já nem sei...
Pegámos nas chávenas,
Sincronizados no gesto,
Dessincronizados na vida,
Desculpa, disse eu,
Sentindo ainda algum desconforto
Pelo fim da nossa relação de três anos,
São horas, tenho de ir,
Pouco mais haveria para dizer
Naquele momento, ou em qualquer outro,
Talvez por falta de coragem
Depois de tão longo desencontro,
Obrigada pelo café!
Obrigado eu, pela companhia!
Vemo-nos por aí se quiseres...
Talvez, quando eu puder (disse),
Não sabendo se iria querer...
Sim, claro, disse ele,
Quando pudermos!
Written by: Isabel Vilaverde
Agosto 2010
As palavras dizem sempre o que o coração nao sente...
ResponderEliminarOutros virão, e as palavras talvez possam coincidir com o sentir...
beijinhos amigos