terça-feira, 21 de novembro de 2017

PENSO-TE


Penso-te...
Sempre que o frio me aperta a pele
e o calor das tuas mãos se ausentou das minhas.
Caminho no espaço que se ergueu entre nós,
muralha de indiferença que procuro vencer.
Já não te sei o sorriso nem sequer o brilho
dos teus olhos fúlgido nos meus.
Dos corpos suados ao romper da aurora,
ficaram-me apenas os gestos quebrados
dos teus abraços em mim adormecidos.
Penso-te...
E as palavras de ti no tempo guardadas,
são pedaços que habitam o meu silêncio
e as minhas madrugadas.

Autora: Isabel Vilaverde
21-11-2017
(@ Todos os Direitos Reservados).


Rascunho de autor desconhecido.


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ESQUINAS DO TEMPO



Nesta noite em que os olhos se não fecham,
Recordo-te nas palavras que dissemos
E sinto na pele um rasto de ausência,
O abraço que se perdeu entre o sonho e o voo,
Para lá das esquinas do tempo.
Silentes as palavras, murmuram neste vazio
A incerteza das horas.
Não sei se este amor renascerá das cinzas
Como uma Fénix ou despedir-se-à
Como os amantes se despedem desesperadamente,
Não sei...
Recordo-te, apenas, nas palavras que dissemos, aquelas
Que me fizeram sorrir e sonhar que um dia seria,
Seríamos felizes.

Autora: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
02-08-2017


Imagem: Google.



terça-feira, 18 de julho de 2017

NOITE DESPIDA




Vem adormecer no meu peito o teu cansaço,
Deixar impregnado em mim o teu cheiro,
Abraçar-me na noite despida de medos
sob a prata do luar...
Vem enredar-me num manto tecido de sonhos
por acordar,
O labirinto do meu corpo descobrir devagar...
Vem, perdido de desejo, numa fogueira de beijos,
os sorrisos multiplicar.
Vem, amor, sempre que o teu coração o meu quiser
amar.

Autoria: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
29-06-2017

Dedicado  a alguém muito especial...

Imagem: Google.


quarta-feira, 28 de junho de 2017

LOBO SOLITÁRIO

 


   Não estou certamente enganada. É um lobo solitário. Almoçou, tranquilamente, sentado a uma mesa ao lado da minha. Sujeito de compleição magra, face enrugada e cabelo grisalho. Estatura mediana e olhar inquieto. Meneia a cabeça muitas vezes, demasiadas vezes, e gesticula, creio, sem se dar conta. 
   Hoje almoçou lombo assado com batatas fritas e arroz, dose a dobrar de hidratos de carbono, o habitual dos almoços à pressa, entre horas de trabalho e bebeu uma imperial. Rematou o almoço com uma mousse de chocolate. 
     Levantou-se, em seguida, dirigindo-se à saída sem que, antes, num gesto mecânico e ainda dentro do snack-bar, tenha acendido o maldito cigarro. Certamente um prazer do qual não prescinde, haverá anos, mas que me incomodou quando o cheiro a nicotina me chegou às narinas, aprimoradas na detecção do mais indelével indício do repudiado tabaco. Abriu a porta e, de cigarro ao canto da boca, saiu meneando a cabeça, sem dúvida um tique adquirido por anos de solidão...
     É um lobo solitário, entre uma matilha de indiferentes onde se fala,  se gesticula, se passa ao lado da vida, por vezes, num viver de ilusão, onde todos, à maneira de cada um, permanecemos escondidos dentro das nossas próprias conchas. 
     Talvez este lobo solitário esteja mais próximo de Deus e da sabedoria do mundo. 


Autoria do Texto: Isabel Vilaverde
28-06-2017
(@Todos os Direitos Reservados). 

Imagem: Google.


 
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