quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

TEMPO PARA AMAR



Hoje o sorriso morreu em mim...
Esfumou-se como o sol num dia de nevoeiro.
De que valem agora as palavras?
São mero exercício de retórica...
Sinto a emoção à flor da pele,
Já não posso dizer-te o quanto te admirava,
Dizer-te como no tempo nos perdemos do tempo de dizer,
Era eu uma adolescente interessada pelas artes e pela poesia
Tu, muito mais consciente e convicto do mundo,
Abraçavas a palavra e rasgavas mordomias,
Desinquietavas mentes comodamente instaladas, falavas de utopias,
De conquistas e de prisão, de direitos, de liberdade e de pão.
Rompias silêncios e dor com a tua poesia,
Era imperioso, urgente, combater pela razão, dizer não, e tu dizias.
Volvidos os anos, perdida a amizade neste universo temporal pelas vicissitudes da vida,
Se é que isso é verdade...
Ficam as palavras singelas, os gestos insignificantes perante a tua generosidade,
A tua grandiosidade humana.
Ficam as lágrimas sentidas,
Os afectos jamais morrerão.
Pela palavra, pela igualdade, pela justiça em cada dia, nesta sociedade a precisar de utopia.
Deixaste de estar...
Mas ficaste no coração e na poesia.

Written by: Isabel Vilaverde
4 de Janeiro de 2012
(Homenagem ao Poeta Setubalense Victor Serra
17/11/1950 - 27/08/2011).




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