sábado, 28 de maio de 2011

NOS BEIRAIS DA MINHA INFÂNCIA




Bastava um sorriso teu,
Uma palavra, um olhar,
Para me sentir acompanhada,
Bastava um beijo teu, meu amor,
Para atravessar o deserto
Sem medo de nada.
As sombras da noite transformavam-se
Num terno abraço,
Partilhado numa alvorada  plena de cansaço, oh doce cansaço!
Habitas, ainda, o meu coração,
Se hesito dá-lo a outro Ser é porque o amor por ti não morreu,
Apesar dos dias que passo sem te ter.
Cai chuva miudinha dos meus olhos,
Nos beirais da minha infância solto risos, improvisos, rodopios,
Brincadeiras que não esqueço,
E nessas memórias longínquas do tempo, por instantes, permaneço...
Guardo, ainda, a improvável inocência na alma
Desses tempos de menina.
Hoje, mulher, enfrento desafios, quantas vezes decidida,
Outras  tantas com passos lentos...
Curvada no desalento, porventura, vencida.
Trama desta vida!
Gotejam os olhos, vazios do teu olhar,
Procuro-te nestes versos imprecisos,
Sem tempo, sem espaço e sem sorrisos.

Autora: Isabel Vilaverde
(@Todos os Direitos Reservados).
Maio de 2011


Foto: Cidade de Nampula, Moçambique.



1 comentário:

  1. Olá Isabel!

    Sendo um poema triste é de uma beleza inconfundível que muito agradeço. A música associa-se-lhe na perfeição. Há nostalgia no poema, Isabel, mas de uma forma bela como se gotas de chuva nos caísse suavemente nos ombros e nao nos importassemos com isso, antes vendo no gesto beleza e poesia.

    Um beijinho muito grande e amigo

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