segunda-feira, 3 de agosto de 2015

OS OLHOS DA ALMA



As ruas de um cinzento e irregular empedrado,
De calcorrear por vezes tão íngreme,
E o casario de um branco imaculado,
A enredar-me na sua beleza sublime.

Encontro-te nos beirais estruturados,
Telhados de um vermelho singular,
Abrigam pequenos alvéolos encantados,
Onde a vida se renova sem parar.

As janelas vestidas de cortinas,
Salpicadas de cores ou rendilhadas,
São os olhos da alma de gente pura,
Que ao Sol beijou a terra com ternura.

De mãos calejadas e rostos desenhados,
Como labirintos de candura revelados,
São restolho de vidas mal-vividas,
São corpos na solidão deixados.

Vou subindo estes caminhos devagar,
Miro, erguidas, as chaminés sem fumegar,
As portas outrora abertas hoje fechadas,
Vão tingindo de tristeza o meu olhar.

Tatuaste em minh´alma os teus aromas,
A lezíria, o canto, o teu verde esbracejar,
Em ti nasci em ti desejo morrer,
Como a certeza de um rio que corre ao encontro do mar.

Autora: Isabel Vilaverde.
24-07-2015
(@Todos os Direitos Reservados).


FOTO: Álvaro Almeida.


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