quinta-feira, 12 de abril de 2012

A SOLIDÃO DA CIDADE


Por detrás das janelas altas da cidade,
Espreitam olhos prisioneiros encovados de saudade,
Rio cinzento...
Corre além como um lamento,
Debruando margens de cansaços,
Solidão marcada em rugosos traços,
Abandono latejas na pele,
Cidade viva, morta aos teus olhos...
Nua, de alma vazia,
Fenece como estátua hirta e fria,
Numa qualquer Praça da cidade,
Acorrentada e mártir, clamando como tu por liberdade,
E o pintor, alheio aos teus suspiros,
Sentado na calçada, sob um céu de nevoaça,
Marca com pinceladas esbatidas de cor,
O teu olhar por detrás da vidraça,
Agora  é dele também a tua dor.

Written by: Isabel Vilaverde
12 de Abril 2012

Imagem: Montmartre 1946

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