quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
DEVANEIO DE UM PINTOR
Procuro-te nos contornos da tela,
Nos finos traços, nos retoques, nas cores,
És o objecto da minha paixão solitária,
Das minhas noites de insónia,
Da abstracção do tempo...
Navegas em mim, perpetuando o sonho de ter-te, quero-te perfeita!
Semicerro os olhos, já cansados,
Na ânsia de pintar-te,
De fazer-te existência,
Bebo, em ti, a doçura desses olhos
Que lânguidos me olham
E me fazem vibrar de emoção,
Preencho o teu corpo nu
Com a tinta da loucura,
Pinceladas ardentes,
Brotam dos meus dedos já dormentes,
Vou-te criando, pintando a formosura,
Afinando a cintura,
As ancas, cheias, voluptuosas,
E as coxas generosas,
Pinto-te com suavidade os seios,
Botões minúsculos erguidos,
Oferecidos às carícias do meu devaneio...
E as mãos delicadas como rosas,
Não como, não durmo, vivo somente para ti,
Quero ver-te por inteiro,
Desenho-te os lábios vermelhos, carnudos,
Entreabertos ao prazer dos beijos
Que fantasiam o meu entardecer,
Mais um toque de pincel nesse teu olhar de mel
Repousando agora em mim,
Contemplo-te, em êxtase, musa minha!
E posso descansar por fim.
Written by: Isabel Vilaverde
Dezembro de 2011
Tela de: Lou Poulit.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
UM DIA ACORDO E É NATAL
Um dia acordo e é Natal…
As ruas desertas, as pedras molhadas,
O vento fininho que enregela a pele,
O silêncio que se abate sobre o dia,
Partilham-se sorrisos, estreitam-se braços,
Lá dentro das casas reina paz e harmonia,
E cá fora, Senhor?
Vê como deambula, triste pela rua, gente em farrapos!
Sem tecto, sem sorrisos, sem abraços,
Mãos calejadas apertam-se ao frio,
Deitam o corpo de sonhos vazio,
Cruel este mundo que a tantos nega o direito a viver...!
Carregam o fado que lhes embala a dor,
Deixam a miséria, o abandono, nas esquinas,
Nos vãos-de-escada, na calçada,
Debaixo de cartões, de caixas vazias como a sua alma,
Procuram o aconchego como se fosse um cobertor,
Porque é assim, Senhor?
Como pode ser Natal,
Se chora o meu coração de ver tanto desamor, tanto mal?
A noite fria esconde-te o rosto enrugado,
Fechas os olhos em lenta agonia,
E o teu corpo, empedernido, adormece mutilado.
Gostaria que os gestos de solidariedade,
Te resgatassem do sofrimento, cada momento,
Sem espaço no tempo,
Um dia acordo e é Natal…
Quem dera que o fosse para ti, todos os dias!
Autora: Isabel Vilaverde
16/12/2011
Imagem: Google.
As ruas desertas, as pedras molhadas,
O vento fininho que enregela a pele,
O silêncio que se abate sobre o dia,
Partilham-se sorrisos, estreitam-se braços,
Lá dentro das casas reina paz e harmonia,
E cá fora, Senhor?
Vê como deambula, triste pela rua, gente em farrapos!
Sem tecto, sem sorrisos, sem abraços,
Mãos calejadas apertam-se ao frio,
Deitam o corpo de sonhos vazio,
Cruel este mundo que a tantos nega o direito a viver...!
Carregam o fado que lhes embala a dor,
Deixam a miséria, o abandono, nas esquinas,
Nos vãos-de-escada, na calçada,
Debaixo de cartões, de caixas vazias como a sua alma,
Procuram o aconchego como se fosse um cobertor,
Porque é assim, Senhor?
Como pode ser Natal,
Se chora o meu coração de ver tanto desamor, tanto mal?
A noite fria esconde-te o rosto enrugado,
Fechas os olhos em lenta agonia,
E o teu corpo, empedernido, adormece mutilado.
Gostaria que os gestos de solidariedade,
Te resgatassem do sofrimento, cada momento,
Sem espaço no tempo,
Um dia acordo e é Natal…
Quem dera que o fosse para ti, todos os dias!
Autora: Isabel Vilaverde
16/12/2011
Imagem: Google.
sábado, 10 de dezembro de 2011
LIMITE DE NÓS
Procuro as estrelas
Que nos teus olhos cintilam,
E as mãos, puras sedas,
Que o meu corpo nu acariciam,
Rodopiam os nossos corpos
No amarrotado dos lençóis,
E os corações unidos,
Num respirar de emoções.
Pedaços de céu sentidos,
Nos beijos arrebatados,
Nos lábios carnudos, mordiscados
Procuro-te neste azul mar navegado,
Onde o amor é o limite de nós,
Num presente ilimitado.
Written by: Isabel Vilaverde
Dezembro de 2011.
Imagem: Autor Lou Poulit.
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